Dançar na corda bomba ou sincronizar o passo em linha reta ainda pode machucar? Bem, como deram letra Adir Blanc e João Bosco na clássica composição eternizada na voz de Elis Regina, “O Bêbado e a Equilibrista“, a resposta pode ser reafirmada a partir de amanhã (6), na abertura oficial da 35º Bienal de São Paulo. Na ciclicidade da realidade brasileira, que mantém árduo o exercício de fazer e viver de arte, o evento ainda serve de plataforma essencial dessas expressões, geralmente construídas em narrativas, contextos e visões de mundo variadíssimos. Dessa vez, além do corpo coreografado de brasileiros, nomes mundo afora integram a mostra justamente sobre o título “Coreografias do Impossível”, por que não?

Elenco curatorial
Segundo os curadores Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, pode-se dizer: “Os participantes presentes nesta Bienal desafiam o impossível em suas mais variadas e incalculáveis formas. Vivem em contextos impossíveis, desenvolvem estratégias de contorno, atravessam limites e escapam das impossibilidades do mundo em que vivem. Lidam com a violência total, a impossibilidade da vida em liberdade plena, as desigualdades, e suas expressões artísticas são transformadas pelas próprias impossibilidades do nosso tempo. Esta Bienal abraça o impossível, as coreografias do impossível, como uma política de movimento e movimentos políticos entrelaçados nas expressões artísticas. É um convite a nos movermos por entre artistas que transcendem a ideia de um tempo progressivo, linear e ocidental. A impossibilidade é o fio condutor e o principal critério que guia a seleção desses participantes.”, concluem.

Para José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, a mostra representa um novo capítulo e legado para a instituição. Ele enfatiza: “A 35ª Bienal de São Paulo é um marco histórico que transcende as fronteiras do impossível. Estamos testemunhando a convergência de artistas excepcionais, ideias transformadoras e um diálogo incisivo sobre as questões urgentes do nosso tempo. Essa exposição se tornará um legado duradouro, inspirando gerações futuras e redefinindo os limites do que é possível na expressão artística.”

Nada em vão: cenário das coreografias do impossível assinado pelo Vão
Para o desenvolvimento do projeto arquitetônico e expográfico da 35ª Bienal de São Paulo, a renomada equipe do Vão foi convidada. Com uma trajetória marcante, o Vão se destaca por sua abordagem inovadora e premiada no campo da arquitetura. Os sócios do escritório Anna Juni, Enk te Winkel e Gustavo Delonero são reconhecidos por sua habilidade em criar espaços que provocam a interação e
a reflexão. Com o projeto da 35ª Bienal de São Paulo, o Vão propõe um olhar inovador sobre a coreografia do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, explorando a relação entre o espaço expositivo e a experiência do visitante.
O grupo teve como desafio enfrentar as próprias convenções conceituais e estruturais modernistas do prédio, para assim criar um outro fluxo de movimento na relação entre obras e pessoas: “Buscamos, desde o princípio, um desenho que se colocasse entre o desejo de não reencenar a coreografia espacial existente mas que, ao mesmo tempo, não impusesse uma coreografia outra, totalmente desvinculada das suas lógicas internas. Para isso deveríamos dançar com o existente e com o disponível. Ou seja, tínhamos como objetivo criar espaços a partir dos elementos construtivos que constituem o Pavilhão.”, reiterando que o espaço propõe imersão entre público, artistas e curadores. Vale o check-in!

Serviço:
35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível
6 setembro – 10 dezembro 2023
ter, qua, sex, dom: 10h – 19h (última entrada: 18h30)
qui, sáb: 10h – 21h (última entrada: 20h30)
Pavilhão Ciccillo Matarazzo
Parque Ibirapuera · Portão 3
Entrada gratuita
*Por Andrey Costa
Foto destaque: Divulgação
Deixe seu comentário