Dançar na corda bomba ou sincronizar o passo em linha reta ainda pode machucar? Bem, como deram letra Adir Blanc e João Bosco na clássica composição eternizada na voz de Elis Regina, “O Bêbado e a Equilibrista“, a resposta pode ser reafirmada a partir de amanhã (6), na abertura oficial da 35º Bienal de São Paulo. Na ciclicidade da realidade brasileira, que mantém árduo o exercício de fazer e viver de arte, o evento ainda serve de plataforma essencial dessas expressões, geralmente construídas em narrativas, contextos e visões de mundo variadíssimos. Dessa vez, além do corpo coreografado de brasileiros, nomes mundo afora integram a mostra justamente sobre o título “Coreografias do Impossível”, por que não?

35ª Bienal de São Paulo acontece de 06 de setembro a 10 de dezembro de 2023. (Foto: Divulgação)

Elenco curatorial

Segundo os curadores Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, pode-se dizer: “Os participantes presentes nesta Bienal desafiam o impossível em suas mais variadas e incalculáveis formas. Vivem em contextos impossíveis, desenvolvem estratégias de contorno, atravessam limites e escapam das impossibilidades do mundo em que vivem. Lidam com a violência total, a impossibilidade da vida em liberdade plena, as desigualdades, e suas expressões artísticas são transformadas pelas próprias impossibilidades do nosso tempo. Esta Bienal abraça o impossível, as coreografias do impossível, como uma política de movimento e movimentos políticos entrelaçados nas expressões artísticas. É um convite a nos movermos por entre artistas que transcendem a ideia de um tempo progressivo, linear e ocidental. A impossibilidade é o fio condutor e o principal critério que guia a seleção desses participantes.”, concluem.

Curadores da 35ª Bienal de São Paulo: Manuel Borja-Villel,  Diane Lima, Grada Kilomba e Helio Menezes
Curadores da 35ª Bienal de São Paulo: Manuel Borja-Villel, Diane Lima, Grada Kilomba e Helio Menezes (Foto: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo/ Divulgação)

Para José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, a mostra representa um novo capítulo e legado para a instituição. Ele enfatiza: “A 35ª Bienal de São Paulo é um marco histórico que transcende as fronteiras do impossível. Estamos testemunhando a convergência de artistas excepcionais, ideias transformadoras e um diálogo incisivo sobre as questões urgentes do nosso tempo. Essa exposição se tornará um legado duradouro, inspirando gerações futuras e redefinindo os limites do que é possível na expressão artística.”

“House”, de Simon Gosselin (Foto: Divulgação)

Nada em vão: cenário das coreografias do impossível assinado pelo Vão

Para o desenvolvimento do projeto arquitetônico e expográfico da 35ª Bienal de São Paulo, a renomada equipe do Vão foi convidada. Com uma trajetória marcante, o Vão se destaca por sua abordagem inovadora e premiada no campo da arquitetura. Os sócios do escritório Anna Juni, Enk te Winkel e Gustavo Delonero são reconhecidos por sua habilidade em criar espaços que provocam a interação e
a reflexão. Com o projeto da 35ª Bienal de São Paulo, o Vão propõe um olhar inovador sobre a coreografia do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, explorando a relação entre o espaço expositivo e a experiência do visitante.

O grupo teve como desafio enfrentar as próprias convenções conceituais e estruturais modernistas do prédio, para assim criar um outro fluxo de movimento na relação entre obras e pessoas: “Buscamos, desde o princípio, um desenho que se colocasse entre o desejo de não reencenar a coreografia espacial existente mas que, ao mesmo tempo, não impusesse uma coreografia outra, totalmente desvinculada das suas lógicas internas. Para isso deveríamos dançar com o existente e com o disponível. Ou seja, tínhamos como objetivo criar espaços a partir dos elementos construtivos que constituem o Pavilhão.”, reiterando que o espaço propõe imersão entre público, artistas e curadores. Vale o check-in!

Cartaz da 35ª Bienal de São Paulo (Foto: Divulgação)

Serviço:

35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível

6 setembro – 10 dezembro 2023

ter, qua, sex, dom: 10h – 19h (última entrada: 18h30)

qui, sáb: 10h – 21h (última entrada: 20h30)

Pavilhão Ciccillo Matarazzo

Parque Ibirapuera · Portão 3

Entrada gratuita

*Por Andrey Costa

Foto destaque: Divulgação

Sobre o autor

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Manauara autoexilado no Rio, encontrou refúgio na palavra através da Escola de Comunicação da UFRJ até ser seduzido pelo poder da imagem no curso de Design de Moda da Estácio. Além de dar expediente como editor-assistente no Ás na Manga desde 2016, cuidando das editorias de moda, música e arte, também dá conta de um brechó online chamado MEU MEU, fruto da facilidade de garimpar preciosidades fashion. Por isso, não se surpreenda ao encontrá-lo mergulhado nas araras das lojas do eixo Rio-São Paulo ou com cara de enfezado em algum café de livraria, rascunhando matérias/transcrevendo entrevistas, pois é assim que ele alcança a plenitude dos prazeres terrenos.

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