*Por Andrey Costa
Dona de uma playlist que inclui Janis Joplin, Etta James e Tina Turner, a carioca Sonja, 26, é o tipo de mulher que se faz forte através da carreira musical. Nessa rota, rapidamente se revelou uma nata cantora de blues quando, aos 23, participou da edição brasileira do programa X-Factor, na Band. Foi inclusive, durante esse processo, que a artista – cujo nome se pronuncia mesmo Sonja, apesar do “J” nas línguas nórdicas fazer som de “I” – viria a entender que a crítica do público e seu autoconhecimento seriam os únicos avais necessários para seguir adiante. Acabou fazendo da música a sua arte, mesclando ao blues muito rock, soul, funk e uma até pitada de groove.
No seu caso, o autoconhecimento inclui também a capacidade de envolver o público com sua voz elétrica. Por exemplo, ela sabe dispor daquele carisma típico de quem não tem medo de se lançar ao novo, conquistando fãs, além da habilidade para mesclar tons de azul no cabelo a ponto de não conseguir identificar qual seria o Pantone. Aliás, até o momento não se sabe se ela vai manter essa cor para a nova etapa que se inicia nesta quinta (22/8), quando faz o show de estreia do álbum homônimo “Sonja“, no Rio. Para contar as novidades, a moça reservou um tempinho para bater um papo com o ÁS. Confira!
Ás na Manga: Seu álbum, assim como o seu vozeirão, possui referências musicais da melhor cepa. Na construção dele, o que foi mais difícil de explorar, sem se limitar àquilo que já foi feito antes por outras artistas?
Sonja: O mais difícil de explorar são as possibilidades. Como cantora e compositora, atravessei meus limites em conjunto com todas as pessoas que estavam presentes na produção desse disco. Acredito que tenha sido um ponto difícil de desbravar. Tenho uma carga de influências que não é fácil de carregar. Então, explorar essas influências me ajudou nessa construção. Acabou sendo a recriação daquilo que já fui/sou, me entendendo, agregando esse olhar, esse sentimento de quem fez esse caminho antes de mim. O resultado foi a soma da minha verdade com aquilo que carrego.

O processo de criação e produção do álbum “Sonja” ganhou um mini documentário no YouTube no canal da cantora (veja aqui) (Foto: Clarissa Mond / Divulgação)
ÁS: Esse projeto reúne muitas pessoas com as quais, por acasos da vida, você acabou cruzando. Há alguma nova parceria que você ainda sonha ou que já tenha em mente para nos contar?
S: Eu tenho várias parcerias na cabeça, muitas parcerias-desejo. Se posso mencionar uma: Rosa Marya Colin é a escolhida. É uma mulher inspiradora, com muita força e uma história de vida cheia de garra. Seria enriquecedor e lindo produzir alguma parceria com ela, seja no palco ou numa canção.

Quando o assunto é collab, o coração de Sonja bate mais forte por Rosa Marya Colin, cantora e atriz mineira com repertório que inclui de parceria com Simonal à novela global “Deus Salve o Rei“, da Globo (Foto: Reprodução)
ÁS: Quem faz disco, faz turnê. Você já chama a atenção pelas suas apresentações sempre performáticas e cheias de atitude. Há alguma surpresa para os seus próximos shows?
S: Em cada presença no palco show, a gente faz a maior surpresa. Tudo é surpresa, aliás! A troca de energia que rola é o que transforma o show, que sempre tem vibes diferentes engajando a plateia. Nunca é a mesma coisa, todo dia se renova. Tive a honra de ter os guitarristas Marco Lacerda e Marcus Kenyatta da banda Laranjeletric, que produziram o álbum e estarão comigo nesses shows que se aproximam. Assim, fica mais fácil de botar aquela pimenta aonde a gente quer e ver no que dá.
ÁS: Você tem sua voz e corpo como instrumentos de trabalho. Que mensagem você busca passar através deles quando está no palco?
S: Quando eu estou no palco, a minha voz, corpo e mente formam um único sentimento. Ao cantar, atesto que estou me despindo, me expondo. E o que espero passar é exatamente esse sentimento de liberdade: se eu viajo cantando, desejo que o público possa resgatar emoções, transbordá-las, viajar junto comigo.
ÁS: Vale crush, vale ídolo(a) ou o que quiser: já que estamos falando de instrumentos, se você pudesse ser um instrumento musical, qual deles você seria e quem teria a “responsa” de tocá-lo?
S: Eu sempre tive vontade de aprender a tocar violoncelo. Nunca ousei. Se você analisar o instrumento, ele é feito para ser abraçado e retribuir em som, está entre as pernas, braços, perto do peito, do estômago. E um crush ou ídolo(a) para tocá-lo? Ai, gente [ri]! Muito difícil, mas eu arrisco Tracy Chapman. Eu gostaria que ela estivesse segurando esse cello apimentado.

Tracy Chapman é a escolhida de Sonja para um feat. inesperado (Foto: William F. Campbell / The LIFE Images Collection / Getty Images / Reprodução)
https://www.youtube.com/watch?v=RsddQLHQQHA
Deixe seu comentário