Chegou o uber dos salões de beleza. Como assim? Simples: o cabeleireiro aluga o espaço, recebe toda a logística e estrutura operacional já organizadas (inclusive estoque de material, se precisar), customiza seu próprio salão à sua imagem e semelhança e voilà! Se torna dono do seu estúdio, do tamanho que lhe convier, sem precisar esquentar suas lindas madeixas com a parte administrativa, sem dividir o seu ganho com o proprietário do salão que lhe cederia o espaço. É o Sola Salon, 430 unidades nos Estados Unidos, uma no Canadá, que agora começa sua expansão territorial global justo pelo Rio, abrindo sua primeira franquia no Barrashopping.

Com sua primeira loja no Brasil, o Sola Salon é o uber dos cabeleireiros: pretende renovar a forma de os profissionais de beleza atuarem no mercado (Foto: Ari Kaye / Divulgação)
“Traduzindo: o profissional de beleza é proprietário do próprio negócio, sem patrão. Ele abre sua pessoa jurídica e não gasta tempo naquilo que ele odeia, que é se dedicar à questão administrativa que muitas vezes lhe tira do sério. Isso nós fazemos por ele. O sonho do cabeleireiro é sempre ser empreendedor. Nós fornecemos as condições para que ele seja, mas de forma que ele gaste sua linda cabecinha fazendo aqui que ele mais gosta: criar, ser artista, cortar, pintar, colorir”, conta Rodrigo Miranda, responsável pela operação no Brasil, após 16 anos como gestor na L’Oréal.

Da esquerda para a direita, Rodrigo Miranda, Daniel Bolotnicki e Randall Clark (Foto: Ari Kaye / Divulgação)
“O profissional escolhe qual o tamanho do seu estúdio. Nessa primeira unidade brasileira de 460m², temos 22 unidades que variam de 11m² a 22m² em três opções de metragem disponíveis. Ele paga cerca de R$ 5800 mês pelo menor espaço disponível, com tudo incluso – aluguel, recepção, ar condicionado, luz, água, limpeza, mobiliário, área de convivência, copa, estrutura de copa-cozinha, Sola Café, refeitório – e é dono do seu business, sem dividir sua atenção as questões mundanas do dia a dia empresarial. É o uber do negócio da beleza ou o coworking do mundo dos salões”. completa Rodrigo.

Tipo clipe de Katy Perry: o visual do Sola Salon segue o padrão de cores pastel de Miami Beach. Os corredores de estúdios são irregulares, e o objetivo é acentuar a percepção de uma mini cidade da beleza, com seus inúmeros estabelecimentos (Foto: Ari Kaye / Divulgação)
O consultor na área de salões de beleza, Richard Klevenhusen, outro ex-diretor da L’Oréal Brasil, dá o subsídio legal para esse modelo de negócio: “Isso é possível porque a legislação trabalhista mudou. Hoje o cabeleireiro lotado em salão pode ser PJ, temos o contexto do salão parceiro. Esse modelo vai mexer com o negócio de beleza”.

Da esquerda para a direita, Richard Klevenhusen, Rodrigo Miranda e Randall Clark (Foto: Ari Kaye / Divulgação)
A percepção de Richard é adequada, sobretudo quando se investiga a origem histórica do salão de cabeleireiros, se constatando que o meio sempre foi revolucionário: o hábito de levar a cliente a um espaço externo a seu toucador para cuidar da sua beleza remonta ao século 18, quando Jean-Léonard Autié, visagista da Rainha Maria Antonieta, abriu seu espaço para atender à demanda de mulheres que queriam aderir às novas tendências cosméticas lançadas na corte (fonte: Bibiloeca da Unipro). “O mundo da beleza sempre foi revolucionário”, afirma o expert.
Shazam! No lançamento da rede no Brasil, o CEO da rede criada em 2004, Randall Clark – jeitão simpático de business man do meio publicitário, careca, óculos de armação larga grifados e sorrisão largo no estilo Jim Carrey, de gringo enfant terrible, tipo um Dr. Silvana dos filmes do Capitão Marvel, ou melhor, o Sebastian dos comerciais da C&A (sim, ele quer que os cabeleireiros associados abusem e usem do conceito) – revela logo que os planos da Sola Salon é tipo um jogo de War: algo como conquistar 24 territórios, do Rio a Vladivostok: “A ideia é termos 1500 lojas no mundo em 10 anos, em 10 países; 100 no Brasil entre 5 e 7 anos. Nos Estados Unidos, os profissionais independentes já são mais de 50% do mercado. Estamos iniciando essa expansão internacional pelo Brasil, pelo que ele representa no mercado de beleza: é o 4º de beleza no planeta, 2º em cuidados com os cabelos. São mais de R$ 40 bilhões na indústria. O modelo de redes de salão tradicionais não vai sumir, mas essa nova forma de atuar vai coexistir”.

O cabeleireiro e visagista Alex Reis é um dos primeiros a adotar o sistema do Sola Salon e já está instalado na unidade do Barrashopping (Foto: Ari Kaye / Divulgação)
Nos Estados Unidos, mais de 10.000 profissionais já adotaram esse sistema de trabalho, inclusive Jonathan Van Ness, estrela do programa “Queer Eye For The Straight Guy“. A rede investe em capacitação para os profissionais associados, em eventos informativos que trazem, inclusive, conteúdo de moda e tendências para muni-los de referências.

Estrela do reality show “Queer Eye For The Straight Guy”, Jonathan Van Ness aderiu ao uber dos salões de beleza, o Sola Salon (Foto: Reprodução)
E a questão da identidade visual, tão necessária para uma rede de negócios e, ao mesmo tempo, fundamental para o cabeleireiro, barbeiro, visagista ou manicura que vai abrir seu business? Rodrigo Miranda dá a deixa do quanto as duas premissas não são conflitantes: ‘Trabalhamos com uma programação visual e visual merchandising próprio, mas neutro, que não interfere na customização, na decoração que cada profissional vai fazer em seu estúdio. É como o visual do Downtown [shopping carioca a céu aberto]: a arquitetura, sinalização e paisagismo geral não atrapalham a individualização das lojas”.
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