Seu nome é Célio Dias, e ele toca a sua marca própria, a LED, que fez o maior sucesso na passarela da 21ª edição do Minas Trend. Estreando no line up ao lado de três outras marcas, o rapaz – que nasceu em Caratinga, no inteiror mineiro, mora hoje em BH e hoje se dedica a sua própria grife após ter trabalhado para terceiros – apresentou uma coleção coloridésima, com looks femininos e masculinos no quais aborda questões como sexualidade, afirmação de opção sexual e identidade de gênero de maneira bem-humorada, mas centrada. ÁS bateu uma bola com o moço sobre esses assuntos, que viraram lugar comum na moda. Confira.

Com 26 anos, Célio Dias, da LED, propõe fazer moda agênero sem se entregar ao imediatismo de um tema que está na moda, “só por causar” (Foto : Sergio Caddah / FOTOSITE / Divulgação)
ÁS: Você mostrou na catwalk uma moda ácida, colorida, abravanada, descoladíssima. Mas, por baixo de alguns crochês até bem conceituais, é possível ver um trabalho de alfaiataria, de malharia, sportswear, de peças que podem ser usadas desvinculadas de sua proposta de passarela. Agora mesmo, Lucas Magalhães acabou de se desligar do Grupo Nohda porque, mesmo com a abertura de mercado, ele sentiu que, caso não seguisse seu próprio rumo, poderia perder um pouco da sua identidade dentro do rigor empresarial da holding de Patricia Bonaldi. Como você vê a questão da criação e do aspecto comercial?
Célio Dias (CD): Acho importante equacionar essa relação. Quero fazer moda-conceito, mas quero vender, abrir espaço, vender para o Brasil inteiro. É preciso equilibrar sempre. E para um novato em carreira solo, é difícil porque a gente quer crescer, e isso significa ampliar venda.
ÁS: Nesse caso, como lidar com a questão do agênero?
ÁS: Nesse caso, como lidar com a questão do agênero?
CD: Bom, em primeiro lugar, a moda agênero precisa se libertar desse rótulo e ser apenas uma característica de consumo. Agora, a bandeira dessa questão está na moda, mas, se o tema avançar conforme imaginamos que irá, ser um produto ou coleção agênero se configurará somente como mais um aspecto dentre tantos outros. Só isso não vai segurar a marca, a moda, o estilo, o DNA. É preciso lidar com esse assunto com a mesma naturalidade que pretendemos que ele venha a conquistar na vida, na sociedade.
ÁS: Na prática, como é isso?
CD: Por exemplo, não fazer peças soltas em cores neutras que supostamente servem para homens e mulheres,só nos cinzas, pretos, off-whites. Se a moda pode ser divertida para elas, por que não para eles? Vamos libertar os rapazes de paradigmas como cores que não servem para eles, abrir o leque de estampas. E, se a gente faz uma moda divertida para eles, o mesmo pode ser feito para elas. Mas, é o que falei: sem transformar tudo em bandeira midiática para aparecer. Isso é ralo, não é postura sincera.
ÁS: Você sabe que, quando entramos pela primeira vez no instagram da LED, sem te conhecer, e vimos que aparecia como @led_cd, a gente achou que CD fosse cross dress, sabia? Até pelas ideias…
CD: Hahaha, até poderia ser, mas não é o caso! Mas bem que podia mesmo…
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