*Por Andrey Costa

Toda São Paulo Fashion Week é a mesma coisa. ÁS recebe montes de mails, fotos e currículos sugerindo a top da vez, a modelo da temporada, aquelas que vão lacrar, causar, hitar, rodopiar, fazer e acontecer no mundinho da moda. Nesta 47ª edição do evento a coisa não seria diferente. Já pululam há dias contatinhos sugerindo quem vai ser o novo recheio de chantilly das passarelas, a baba de moça, a cereja do bolo, o creme de la creme. Com os rapazes não poderia ser diferente, com um agravante: quem não gosta de ter nas mãos um valete de paus no cassino fashion? Até o crupiê adora! Façam suas apostas. Dessa vez não tem black jack, se me entendem. Bem verdade que, na escassez de desfiles masculinos ou mistos no line up das semanas de moda no Brasil, tem muita Winterfell para pouco John Snow, confesso. Está mais para Tyrion Lannister, amor. Mas, a bola da vez pode ser Eduardo Rosa, 22, da Joy. Sua história rende.

Twink-sensação: modelo da Pucci, Eduardo Rosa pode ser a sensação masculina dessa edição da SPFW (Foto: Divulgação)

Todos têm histórias: foi bombeiro em Garanhuns, salva-vidas de clube em Itapecerica da Serra, catador de papel em um lixão de periferia, era menino de rua e vendia chiclete na Central do Brasil, trabalhava com lavrador plantando alfacinhas e foi descoberto por um olheiro, quando o carro deste enguiçou na estrada. Onde? Pindamonhagabaçaú das Cerejeiras, já ouviu falar? Tá bom, meu bem. Todos amamos storytelling. ÁS ainda aguarda aquela narrativa do rapaz aristocrático de alma pervertida, de família podre de rica, que abandonou o lar para fazer programa porque era fã de Pasolini. Índole de Jean Genet, de Michel Foucault rolezeiro dando pinta na Lapa carioca dos anos 1970. E foi parar na alcova de um estilista que pôs o moço para desfilar. Cadê? Não tem percurso assim? Bruno Modelinho.

Pink Panther: na passerelle Pucci, Eduardo Rosa envergou os prints endiabrados da label (Foto: Reprodução)

Natural de Campo Bom, cidadezinha gaúcha, Eduardo Rosa sonhava ser jogador de futebol. A alcançou o desejo sem precisar fazer embaixadinha para fada madrinha. Chegou até a competir no Campeonato Gaúcho – Sub20. O  rapaz batia um bolão? Batia? Bate. Num desses pênaltis da vida, chutou pro gol e a bola bateu na trave da moda. Resolveu driblar o meio-campo e não houve gandula que segurasse o rapaz: jogou para escanteio o posto de zagueiro para modelar em Paris, Londres e Milão. Goleou.

Eduardo Rosa emula Rose, a rebitadeira, posando cropped para a safadinha e conceitualzinha revista UNCUT número 5. Se o rapaz é uncut ou não, pergunte você mesmo a ele. ÁS é veículo sério, rapá! (Foto: Gianfranco Briceño / Reprodução)

Da categoria de base do clube 15 de Novembro, num rodopio de 180º, Eduardo arrematou para o currículo o desfile de Emilo Pucci, em Milão, e acabou estampando editoriais em publicações como Esquire e Vanity Fair: “Eu queria ser jogador de futebol, mas a moda surgiu no meu caminho. Agarrei a oportunidade”, afirma, sem deixar claro se seria bom goleiro, caso continuasse em campo. Pouco importa. Edu é mesmo a Branca de Neve que abocanhou a maçã enfeitiçada da moda.

Posudo é pouco: a hora do clique Eduardo Rosa deixa no chinelo as irmãs Kardashians e suas selfies (Foto: Deco Tajra / Reprodução)

Mas, como nem tudo na vida é once upon a time, se manter numa crescente é campeonato nacional para o moço. Brasileirão. Nessa Copa dos Libertadores que se tornou sua independência financeira proporcionada pela moda, o twink anda abusando da versatilidade na hora de pisar na passarela ou estampar campanhas. Dos cliques sexies da revista UNCUT, dignos da Wallpaper da The Week, aos editoriais de moda no estilo Tumblr boy, Eduardo joga nas onze na também na aparência. Está mais para madrasta de conto de fadas, quando precisa assumir inúmeros personagens para se manter on top, colecionando tantos cortes de cabelos diferentes, que é bom já ir seguindo o moço nas redes sociais para não perder sua próxima mudança. A calopsita de Neymar que se cuide.

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