A ArtRio 2023 anunciou Ademar Britto Junior como curador do programa Solo pelo segundo ano consecutivo. O evento, que acontece entre os dias 13 e 17 de setembro, apresenta um modelo curatorial interessantíssimo, mostrando pluralidade e muita qualidade na escolha das 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais. Com formação em Estudos Curatoriais pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, além de ter frequentado como aluno especial o Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ademar tem realizado textos críticos e exposições tanto de artistas emergentes quanto de artistas históricos, além de participar como convidado e visitante do circuito internacional de exposições e feiras.

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Dobradinha artsy: Ademar Britto assume pelo segundo ano consecutivo a curadoria do programa Solo da ArtRio! (Foto: Divulgação)

Médico com estudos realizados na Universidade do Estado do Amazonas e na Université René Descartes-Sorbonne Paris V, com especialização em Cardiologia e Mestre em Ciências Cardiovasculares pelo Instituto Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro, o curador promete fisgar o público da ArtRio pelo coração, focando na abrangência e coerência da escolha dos artistas contemporâneos que têm se destacado no cenário das artes, em diferentes fases de suas carreiras e com práticas diversas. Para já anteciparmos alguns dos destaques da Feira de Arte do Rio, confira os artistas e galerias que integram o programa Solo!

25% Maior, próxima edição da ArtRio acontece em setembro.
ArtRio 2022 (Foto: Divulgação)

Conheça os artistas do programa SOLO 2023:

Arthur Palhano – Alban

Apresentação do projeto “Decomposições“, com um conjunto de pinturas debruçadas na exploração do artista sobre a intrincada interação entre composição e decomposição. O carioca baseado em Sampa, Arthur Palhano, é artista visual com formação independente em estudos de pintura. Debruçado de forma rigorosa sobre a prática da pintura, investiga por meio dela as inquietantes negociações presentes em seu gesto artístico, a fim de refletir as ideias de camada, figuração e fundo no espaço formal.

Sua produção incorpora uma busca incessante pelas camadas de significação contemporâneas na pintura, em oposição às convenções plenamente constituídas e tradicionalizadas da prática, de forma a contemplar as profundidades discursivas, políticas, estéticas e, sobretudo, éticas que constituem a historicidade de suas narrativas. 

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Arthur Palhano (Foto: Divulgação)

Derlon – Amparo 60

Natural do Recife, a relação de Derlon com as artes é diretamente com a imagem gráfica, baseando-se na estética da xilogravura popular e investindo na expressividade de traços simples e reduzidos, cria obras que valorizam a interação com o público em trabalhos predominantemente monocromáticos. Desde sua adolescência é atraído pela arte urbana, em especial pelo grafite. Nesse período, além de fazer intervenções em muros e paredes nas ruas, também tem influência da simplicidade impactante das imagens da xilogravura além das técnicas de gravura. Um expoente do match entre a estética rural e urbana na arte!

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Derlon (Foto: Divulgação)

Victor Arruda Almeida & Dale

Desenhista, gravador e pintor nascido no Mato Grosso, com mais de 40 anos de trajetória artística, Victor Arruda se destacou pela criação do grupo Tato e Contato, responsável pela instalação do primeiro ateliê de arte livre destinado a crianças, na Funabem. A obra de Victor abrange múltiplas referências e influências que remetem a diferentes momentos e tendências ao longo da história da arte, condensados e amalgamados sempre de forma eficaz, na construção de um estilo único e inconfundível.

Participou de diversas exposições coletivas e realizou mostras individuais na EAV Parque Lage (1986), Studio d’Arte Giuliana de Crescenzo, Roma (1988), Museu de Arte Moderna do Rio (1993), Paço Imperial (2022), entre outras. Um nome que vale a pena prestigiar nessa edição da ArtRio.

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Victor Arruda (Foto: Divulgação)
SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Sem Título, de Victor Arruda (Foto: Divulgação)

Felipe Suzuki – Bianca Boeckel

O paulista Felipe Suzuki cursou Design Gráfico pela Miami Ad School e pela Faculdade de Belas Artes, participou de exposições coletivas no Rio de Janeiro, São Paulo e Los Angeles, e foi selecionado no Salão de Belas Artes de Piracicaba em 2018, agora chega à ArtRio para apresentar um trabalho consistente. Como designer, apresentou projeto comemorativo de 100 anos da imigração japonesa em SP, posteriormente premiado na Bienal de Veneza em 2009. Possui obras em coleções particulares no Brasil, Estados Unidos, França e Portugal. Em 2022 teve sua primeira exposição individual na galeria Bianca Boeckel e participou da Bienvenue Art Fair em Paris. 

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Felipe Suzuki (Foto: Divulgação)
SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Sem Título, de Felipe Suzuki (Foto: Divulgação)

Laura Villarosa – C.Galeria

A artista Laura Villarosa tem nome dramático, digno de personagem aristocrata escrito por Gilberto Braga, mas desenvolve uma pesquisa em torno da pintura de paisagem, empregando materiais tradicionais do fazer pictórico, como pincéis, tintas e médiuns, mesclando-os com materiais de bordado, tapeçarias e têxteis. Tudo de uma delicadeza potente, sabe como? Nessa esteira, a utilização de meios artesanais culturalmente vinculados a um fazer feminino ganha contornos políticos e questionadores na obra de Laura. Elegância define!

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Laura Villarosa (Foto: Divulgação)

Matheus Abu – Galeria Karla Osorio

Artista autodidata, Matheus Abu desenvolve uma pesquisa independente sobre ancestralidade, espiritualidade e a diáspora africana no Brasil, colocando em perspectiva a história colonial e suas reverberações no cotidiano de pessoas racializadas. Iniciou seu trabalho com a linguagem do pixo (pichação), tendo forte influência da cena do rap carioca. A pintura surge durante a pandemia e, numa viagem a Salvador, descobriu um outro conjunto de símbolos, os “adinkra”. Trazidos ao Brasil pelos escravizados, esses ideogramas eram esculpidos, sobretudo, em portões e janelas do Brasil Imperial por ferreiros negros escravizados, compondo uma forma sofisticada de comunicação e resistência à subalternidade. 

Em 2021, participou de residência artística e teve individual na Galeria Karla Osorio, em Brasília. Realizou da residência artística em Milão, seguida de exposição individual “Profecia” (outubro 2022- fevereiro 2023). Outro nome para manter no radar!

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Matheus Abu (Foto: Divulgação)

Tiago Sant’Ana – Galeria Leme

Artista visual, curador e doutor em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia. Tiago Sant’Ana tem trabalhos que imergem nas tensões e representações das identidades afro-brasileiras, entendendo as dinâmicas que envolvem a produção da história e da memória. Foi premiado com a Bolsa de Fotografia ZUM do Instituto Moreira Salles (2021), laureado com o Soros Arts Fellowship (2020), vencedor do Prêmio Foco ArtRio (2019) e um dos indicados ao Prêmio Pipa (2018, 2023). Participou de exposições nacionais e internacionais como “Histórias brasileiras” (2022) e “Histórias afro-atlânticas” (2018), no MASP, “Enciclopédia negra” (2021), na Pinacoteca de São Paulo, entre outros.

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Tiago Sant’Ana (Foto: Divulgação)
SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Imortais e Fatais, de Tiago Sant’Ana (Foto: Divulgação)

Gabriella Garcia – Galeria Lume

Carioca plena de bossa, Gabriella Garcia vive e trabalha em São Paulo, é autodidata e sua arte transita entre escultura, pintura e instalação. Seu trabalho compreende não apenas o lugar onde está, como também aquilo de onde deriva, onde figuras recortadas tomam o espaço a partir de diversos materiais que dialogam através da representação e muitas vezes da farsa. A partir de diversas mídias e dimensões, Gabriella trabalha o exercício de confronto entre gesto e natureza, imagem e suas infinitas verdades.

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Gabriella Garcia (Foto: Divulgação)

Panmela Castro – Galeria Luisa Strina

Originalmente pichadora do subúrbio do Rio de Janeiro, Panmela Castro interessou-se pelo diálogo que seu corpo feminino marginalizado estabelecia com a urbe, dedicando-se a construir performances a partir de experiências pessoais, em busca de uma afetividade recíproca com o outro de experiência similar; obras que resultam em vídeos, fotografias, objetos e pinturas, e que prometem ofertar variedade na ArtRio 2023.

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Marcia Falcão – série Artistas no Ateliê, de Panmela Castro (Foto: Divulgação)

Mariela Scafati – Isla Flotante

Mariela Scafati trabalha a partir de sua formação como pintora e serigrafista, mas a técnica está sempre a serviço de uma espécie de estranho vitalismo formal. Seja quando costura pedaços de tecido para compor geometrias, quando escreve cartazes que amplificam as mensagens de texto que estavam em seu celular durante um período de militância, ou quando transfere suas práticas íntimas de bondage para a materialidade da pintura, Scafati atua sem transições, conferindo à obra caráter de corpo e expressão.

Os seus interesses mais pessoais sempre pulsam nas suas obras: o desejo, a rua, os outros. Por essa falta de mediação, do trabalho como ação direta, ele consegue o difícil desafio de conectar suas experimentações formais com sua militância privada e política.

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Mariela Scafati (Foto: Divulgação)

Radenko Milak – La Balsa Arte

O trabalho de Radenko Milak é centrado na formação e consolidação da memória histórica. Nascido na ex-Iugoslávia, Milak foi exposto à visão de mundo criada pela propaganda do Oriente, bem como ao cinema experimental e à arte dos períodos soviético e pós-soviético. Um senso agudo do poder da imagem de fontes documentais ou de mídia de massa tem sido central para o desenvolvimento de seu trabalho.

Uma de suas últimas séries, “Neighbours“, destaca o ambiente urbano de cidades globais de alta densidade e arranha-céus, onde muitas pessoas vivem juntas em total isolamento. As ruas vazias de La Habana, ou as favelas do Rio de Janeiro, destacam a consciência do lugar e sua criação, o ambiente construído pelo homem como cultura material, a desenvoltura e a criatividade que estão por trás de todos os seres humanos, além das classificações econômicas ou sociais. O projeto solo de Milak é uma crítica ao modernismo, à política e à estética. 

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Radenko Milak (Foto: Divulgação)
SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
La Habana, de Radenko Milak (Foto: Divulgação)

Jaime Lauriano – Nara Roesler

Por meio de vídeos, instalações, objetos e textos, Jaime Lauriano revisita os símbolos, imagens e mitos formadores do imaginário da sociedade brasileira, como as gravuras de Jean-Baptiste Debret e a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, tensionando-os a partir de proposições críticas capazes de revelar como as estruturas coloniais do passado reverberam na necropolítica contemporânea. Em especial, o mito da democracia racial é aquele que mais fornece material para as investigações do artista.

Partindo de sua própria vivência como homem negro, o artista aborda as formas de violência cotidiana que perpassam a história brasileira desde sua invasão pelos portugueses, centrando-se, com especial perversidade, em indivíduos racializados.

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Jaime Lauriano (Foto: Flavio Freire/ Divulgação)

Leoa – Nonada

Renata Costa, conhecida como Leoa, é uma artista da zona oeste, subúrbio do Rio de Janeiro. Tem ligação com a arte por influência familiar, e como inspiração, seu pai, artista multifacetado. Tem a pintura como linguagem e, através dos sentimentos que atravessam as paletas de cores, Leoa se coloca sensível aos cotidianos e suas vivências, encontradas nas muitas de suas criações e narrativas visuais. Sua poética vem ressignificando suas inquietações internas e experiências, numa ideia de partilhar e espelhar os processos, texturas e camadas pictórica ao outro(a) pelo mundo.

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Leoa (Foto: Divulgação)
SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Licença, de Leoa (Foto: Divulgação)

Kika Carvalho – Porta Vilaseca Galeria

Graduada e licenciada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo, a prática artística de Kika Karvalho se materializa em diferentes suportes e técnicas, com uma pesquisa atenta em torno da cor azul, que pode estar relacionada tanto com as paisagens da cidade-ilha onde nasceu, como com aspectos da história da pintura. Sua obra é atravessada por questões ultramarinas de presença e ausência, tão caras à diáspora Atlântica. Sua produção também é entrecruzada por algumas experiências, como a prática de pintura urbana e a arte educação; além da participação em programas de residências nacionais e internacionais.

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Kika Carvalho (Foto: Pedro Victor Brandão/ Divulgação)

Yasmin Guimarães – Quadra

Yasmin Guimarães é outro nome de uma nova geração, cujos trabalhos refletem sobre o fazer da pintura e seus possíveis desdobramentos. A partir da tinta óleo, de pontos, pinceladas, manchas em tons pastéis, a artista compõe o espaço delimitado pelo chassi, numa tentativa de tradução das interfaces e sensações de uma paisagem imaginária, ora como uma sugestão, ora de forma abstrata. Fazendo uso de cores suaves, de pureza, de tranquilidade, sem temas inquietantes, como um calmante mental. A essa qualidade estética, a artista alia o uso inteligente de artifícios como a tela crua aparente, bem como materiais diversos como o voile, nos mostrando a verdade do suporte, o que está por trás da pintura.

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Yasmin Guimarães (Foto: Divulgação)
SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Blue Moon, de Yasmin Guimarães (Foto: Divulgação)

PV Dias – Verve

Alô, Pará! PV Dias nasceu em Belém e hoje vive no Rio de Janeiro. O artista é graduado em Comunicação Social, mestrando em Ciências Sociais na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e tem formação pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no programa Formação e Deformação do ano de 2019.

Trabalhando com as plataformas de pintura, fotografia, vídeo e arte digital, sua pesquisa versa sobre a estruturação das imagens de um território e em possíveis rasuras nessa estruturação. Junto a essa frente, inicia-se também um trabalho sobre intervenções em violências coloniais dos lugares por onde o artista percorre captando registros sobre lugares que se dividem entre Amazônia e o sudeste do Brasil.

SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
PV Dias (Foto: Daniel Dias/ Divulgação)
SOLO terá a participação de 16 galerias e artistas brasileiros e internacionais
Redes, de PV Dias (Foto: Divulgação)

ArtRio 2023

Data: 14 a 17 de setembro (quinta-feira a domingo)

Preview – 13 de setembro (quarta-feira)

Venda de ingressos: a partir de 1º de agosto no site

Ingressos: R$ 80 / R$ 40

Horários:

13 de setembro – Preview das 13h às 21h

14 a 16 de setembro – das 13h às 21h

17 de setembro – das 12h às 20h

Local: Marina da Glória – Av. Infante Dom Henrique, S/N – Glória

Estacionamento no local, sujeito a lotação

Metrô: Estação Glória

*Por Andrey Costa

Foto destaque: Divulgação

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