*Por Andrey Costa

Que depois da tempestade vem a bonança, já sabemos. Se depender da Semana de Moda de Nova York, o inverno 21 vai ser de fartura: das estampas às padronagens, de volumes aerodinâmicos a silhuetas enxutas, teve de tudo no cardápio fashion. Assim, como na temporada passada (veja aqui), não faltaram tendências já vistas em temporadas passadas, mas nada com cara de “RO (resto de ontem)”, fashionistas! Garantimos. Quer saber mais? Hora de conferir os destaques da NYFW no Top 5 do ÁS!

Carolina Herrera / Semana de Moda de Nova York / outono-inverno 2020 (Fotos: Reprodução)

Anna Sui

Trevosinha! Para o outono-inverno 2021, Anna Sui lançou mão de uma estética lasciva: apresentou uma coleção repleta de romantismo dark, sabe como? Sem ser literal, fez da transparência, renda, couro, seda e afins peças de uma temática construída por filmes de terror dos anos 1970. Vilãs que rondam o imaginário cinematográfico? Pode ser! Malévola? Temos. Morticia Addams? Também. Mavis Drácula? Por que não? Todas juntas e mais um pouco. A mulher boêmia que ela veste, da sociedade ou do rock, causa, mas não dá susto, assombra. No bom sentido. Como? Facinho: capas em couro, vestidos acinturados e bordados que são novidade na criação da estilista, conjuntos nada monótonos de tweed com capuz e, sem remeter a um cortejo fúnebre, muitas flores nas estampas.

Anna Sui / Semana de Moda de Nova York / outono-inverno 2020 (Fotos: Reprodução)

Proenza Schouler

A desconstrução da silhueta oversized foi o ponto alto da nova coleção da Proenza Schouler feita por Jack McCollough e Lazaro Hernandez. Os ombros marcadíssimos às vezes caem de lado, mostrando vulnerabilidade quando em meio ao mix de informações. Brotam colos charmosos, tudo arrematado por uma segunda pele, blusa de lã ou acessório como as bolsas poderosas da label. A cartela de tons glaciais e sóbrios casa perfeitamente com sobreposições bem pensadas, afinal, quem quer apenas mais um bom casaco para montar o look? Distanciando-se de uma imagem frágil, a marca se volta às mulheres reais, facilmente vistas nas ruas, de onde parte das inspirações de styling afloram.

Proenza Schouler / Semana de Moda de Nova York / outono-inverno 2020 (Fotos: Reprodução)

Michael Kors Collection

Alfaiataria power? Temos! Se tem uma coisa que Michael Kors ama apresentar é roupa para impactar. Para a estação mais fria do ano, o estilista muniu amazonas com um arsenal de propostas: vestidos, blazers, capas, pelerines, casacos e, é claro, as bolsas-desejo da marca. Numa passarela em madeira bruta, as modelos pareciam galopar rumo a um sonho que começou nos cinzas e explodiu em cores vibrantes, como o laranja. Cada peça um suspiro. Sobrou até para elezinhos, que não foram esquecidos e surgiram reluzentes em ponchos poderosos. Talvez o supercomercial Mr. Kors esteja mirando numa reposicionamento no mercado de moda conceitual, mantendo os dois pés fincados na qualidade de seus produtos sempre tão copiados. Ver essa feverção criativa em sequência (veja aqui) é sempre boa, principalmente numa marca que, de tão estagnada no mesmo estilo, sofre com falsificações de seus licenciamentos.

Michael Kors Collection / Semana de Moda de Nova York / outono-inverno 2020 (Fotos: Reprodução)

Vera Wang

Quem tem, joga! Vera Wang não pretende empacotar sua clientela na estação que vem, nem pincelar no máximo dois tons como ela ama fazer. Fez vestidos-coluna de mangas dramáticas, blusinhas que mais pareciam pinturas corporais, shortinhos e bermudas de alfaiataria. E fluiu para todos os lados: mangas em tule plissado, saias assimétricas, boas calças pretas, arrematadas vez ou outra por casacos de pelo falso chiquérrimos, tipo piriguete good vibes, do tipo que não passa frio e ama mostrar na mesma medida o que recomendam que se esconda. Só não garantimos que dê para casar com as peças dessa marca famosa por seus vestidos de casamento. Daí, vai da ousadia da noiva.

Vera Wang / Semana de Moda de Nova York / outono-inverno 2020 (Fotos: Reprodução)

Carolina Herrera

Roupas pretensiosas completam o nosso Top 5 NYFW: Faria Wes Gordon um ode ao DNA da boa e chique Carolina Herrera ou seu design se baseia numa ruptura com impressões tão marcantes para essa segunda temporada no comando da label? Sem alardear, ele deu o que falar: a própria Carolina Herrera in persona conferiu tudo da front row. Aiaiai, uiuiui, diria uma lenda do jornalismo de moda brasuca. Num período tão experimental para marcas consolidadas no mercado, que tentam manter-se em evidência, sem viajar a maionese, escorregar no quiabo ou pirar na batatinha (haja gastronomia nos perigos da exposição), o rapaz conseguiu. A CH está morta… Viva a CH!

A coleção não apenas é fácil e funcional; também desenrola esse enredo em cores. Cada intervenção é pensada para uma mulher que curte o novo, mas sem o tedioso clichê da mulher “moderna”, “contemporânea”, “atemporal”. Modelagens enxutas, aerodinâmicas, brincam entre si no vai-e-vem da passarela, que poderia ir para as ruas no mesmo instante e intensidade. Cada uma temperando a coleção com o que tem de melhor: sejam os vestidos exuberantes e milimetricamente dosados (olá, Valentino!) ou a camisaria conceitual, clássico da grife, que emociona com sua sensível capacidade de fugir do convencional. A marca ainda promete oferecer mais do que esperamos. E isso mais que bem-vindo.

Carolina Herrera / Semana de Moda de Nova York / outono-inverno 2020 (Fotos: Reprodução)

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