*Por Andrey Costa
Já consideramos “Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão do Orfeu da Consolação)“, de Thiago Pethit, um álbum político. Chegou em meio ao Carnaval, ofertando-se em oposição ao que tínhamos à disposição para ouvir. Sem a pretensão, contudo, de ser um álbum-salvação, apesar de esperado. Transmutou-se em redenção. Filmado em 12 de julho de 2019 no SESC Pinheiros, o show do álbum, que já figura na lista dos melhores de 2019 – até o momento – da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), ganha agora registro num molde documental. Bem no climinha noir, aliás, para as faixas “Orfeu“, “Me Destrói” e “Mal dos Trópicos“, apresentando pedaços da passagem de som e alguns diálogos que discorrem o conceito das apresentações e materializam um universo sombrio, em diálogo com o amargurado Brasil de hoje.

No último domingo (15/9), Thiago Pethit apresentou seu novo show no CCSP, que contou com a participação especial dos tambores femininos de MBEJI, grupo inspirado no sagrado e profano feminino e em suas essências: músicas de culturas tradicionais encontradas nas religiões de matriz afro-brasileiras, músicas de Magia, Feitiçaria, Encantarias e cantigas de ritos que, em sua maioria, são conduzidas por elas. O principal foi a dupla Ariane Molina e Dee Macaco. E, além das novas canções, Pethit também mostrou versões de músicas dos álbuns anteriores, como “Romeo“ e “Moon“, além de releituras de canções que influenciaram o disco novo (Foto: Divulgação)
“Um disco só está pronto, em seu processo todo, quando chega ao público ao vivo. Para mim, o primeiro show marca essa divisão entre o trabalho de lagarta, fechado em si mesmo, e a construção da estrada”, poetiza o artista, que completa: “De certa forma, turnês são sobre outra coisa. Vão se moldando a partir dos encontros ao vivo”, reflete o artista que, ao mesmo tempo, nunca foi muito a favor de filmar performances ao vivo.
Da contemporaneidade das obras do Teatro Oficina de Zé Celso às batidas urbanas do trip hop, passando pelas boates gays do centro de São Paulo e pelas poesias do paulistano Roberto Piva, o novo álbum é traduzido como um espetáculo de natureza sinestésica. Confira!
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