*Por Andrey Costa
A Semana de Moda de Milão aconteceu na boca do nosso Carnaval. Por isso mesmo, ÁS se concentrou na cobertura da folia e esperou os ânimos momescos baixarem para soltar a cobertura. Quem esperava que os lançamentos trouxessem tons sóbrios e frios para o outono-inverno 2019, já pode se desiludir. Em oposição à NY que, devido ao foco mais comercial ainda não arrisca tanto na paleta, e Londres, que mira no lançamento de novos estilistas e propostas, Milão se manteve classy, as exuberant: mandou ver no Pantone. As coleções vibraram envolventes e renderam o Top 5 do ÁS.
Salvatore Ferragamo
Com coleção intitulada “Generation“, Paul Andrew e Gillaume Meilland revisitaram clássicos de Salvatore Ferragamo numa coleção atemporal. As modelagens não são elaboradíssimas, mas depuram recortes. As sobreposições se destacam. Surgem casacos em couro em tons quentes e luminosos, uma alfaiataria cool com assimetrias delicadíssimas e aquele flerte entre listras e estampas. O classique de luxe foi reinventado com graça numa coleção elegante e moderna, trazendo imagens de moda forte para todas as gerações da mulher que consome a label.
Gucci
O desafio da reinvenção que paira sobre as criações de Alessandro Michele para Gucci foi confrontado com uma apresentação de looks incrivelmente usuais. Fato que o prêt-à-porter das grifes tem ficado cadas vez mais fácil de ser levado para as ruas; o estilo traça hoje uma linha direta com o comercial, sem tempo para desvarios, sem margem para as marcas viajarem na macarronada da moda, sob o ônus de encalhar a produção nas araras. Okay. Por outro lado, cresce o espaço para estilizar na produção. Foi o que ÁS viu na Gucci, que invadiu a passarela com modelos enclausurados em máscaras. É válido, mesmo que a verde faça o povo noventista lembrar um insuspeito Jim Carrey em “O Máscara” (1994). Como diria Regina Guerreiro, um baile de Carnaval fashionista, por que não?
As máscaras e os spikes, em chokers e suspensórios, eram de fato impactantes. Mantiveram a grife no trilho do rock que a Gucci incorporou ao DNA na gestão Tom Ford e conversaram direitinho com os modelos clássicos da alfaiataria moderna na marca, que manteve-se em alta. Como na Ferragamo, cores acesas vestiram a mulher nessa temporada de peças fortes e atuais.
Fendi
Acabou, chorare? Que nada! Apesar de termos visto a última coleção criada por Karl Lagerfeld para a Fendi, o legado do kaiser (que nos deixou recentemente, veja aqui) permanece presente. Num desfile de elegância à máxima potência, a identidade da label seguiu forte, apesar dos trends que pulularam entre os modelos apresentados, como a “pochete” vermelha no basic, os terrosinhos vistos nas passarelas de NY e Londres, as transparências. Destaque para os laçarotes que as modelos envergaram nas golas power que Lagerfeld a-ma-va. No final do desfile, um vídeo-homenagem revelou Karl concebendo a sua última contribuição em vida para a Fendi. Emocionante.
Marni
Hello, Malcolm McLaren! Hey, Courtney Love! O punk e o grunge estão de volta. Really! Vimos na Versace e na Prada, mas foi na Marni que a essência desses movimentos ganha vida. A marca arrematou com correntes suas peças em xadrez, já cobiçadíssimas. E fez uma mélange de gamas quentes e frias em seda e cetim, dando leveza ao styling impecável.
A beleza (per)seguiu uma linha mais gótica suave, rendendo uma coleção nada caricata. Plissados comparecem meticulosos nas saias. Vestidos equilibram-se com as modelagens clássicas cheias de intervenções ousadas. Já separou o choker e preparou o olho esfumadinho para desfilar por aí à la Marni? Tipo Evanescence? Ou seria Siouxsie and the Banshees?
Emilio Pucci
Na passerelle de Emilio Pucci os prints são destaque, não é mesmo? Nas últimas temporadas de moda, vieram com tudo de novo. Mas, nada óbvio, nada! As estampas desafiaram o olhar ao serem transmutadas de um vestido de franjas, para um poncho rosa (tendencinha, hein?!). Ou num psicodélico lenço amarrado ao pescoço (olá, Fendi!), meio vapor wave, que misturava-se à blusa. Uma chemise de lurex foi renovada com imponentes mangas de quimono, que dão charme extra à sofisticação da peça. Soma-se a tudo isso a paleta de cores em tons pastel, que foi aplicada às recém-desenvolvidas estampas – Mirei, Hanami e Alex – corajosamente mescladas por cores sólidas, como o azul vibrante e o vermelhão fogo. ÁS espera ver essas cores invadirem as ruas em 2019.
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