Davi versus Golias. Com cinco anos de estrada, mas ainda um bebê no tamanho, na verve e na imagem, a mineira radicada no Rio Erica Rosa conseguiu esta semana o impensável: botou no bolso o surpreendente Grupo Soma, à frente de grifes festejadas (e poderosas!), como Farm e Animale. Explica-se: geralmente alheia ao macro, a estilista, que curte viver em seu mundinho de Barbie – rara é a coleção que não carrega em algum tom de pink em divertida semiótica com o seu próprio nome –, mandou a bola para o gol quando resolveu fazer seu lançamento no mesmo dia e hora em que a Maria Filó, grife do Soma, apresentava no imponente Copacabana Palace a primeira coleção capitaneada pela recém-contratada diretora de estilo, a competente Maria Rita Magalhães Pinto (ex-ATeen), casada com o dono da Animale e CEO do grupo Roberto Jatahy. Badalo para um seleto grupo de convidados, com um mais ainda petit comité arregimentado para o agito pós-loja, a ousadia de Erica despertava mais curiosidade ainda por conta da latitude: sua transada loja-conceito fica dentro do Hotel Pestana Rio, na praia a poucas quadras do Copa.

Ao apostar no lançamento com bossa cheio de personalidade, escolhendo seus convidados a dedo para fugir da pasteurização, Erica Rosa – que era designer de interiores, mas foi estudar moda em Florença –, vai na contramão da fórmula de investir em eventos apenas instagramáveis em lugares idem, mas com conteúdo rarefeito. É importante ficar bem na fita nas redes sociais? Óbvio, ninguém diria o contrário hoje em dia! Entretanto, a padronização de qualquer formato de ação dentro desses cânones é… Boring! Erica, que gosta de posar de enfant terrible, foi na direção oposta: optou por reunir um squad reduzido que incluiu do diretor de estilo do IED Alexandre Rese, passando pela expert em moda sustentável Yamê Reis, por um punhado de jornalistas de moda que entendem do riscado, o stylist Rogério S, a consultora especializada em colorimetria Sandra Tolentino, uma patota de modelos, a lendária modelo Magda Cotrofe, cuja trajetória se confunde com a consagração da Cidade Maravilha como capital mundial da moda praia, a designer de acessórios Mariah Rovery e a ex-paquita e hoje assessora da Xuxa, Tatiana Maranhão.

E caprichou na long neck e no champanhe geladérrimo (rosé, claro!), que borbulhou os acepipes. Fluiu? Total, tanto que quem resolver ir aos dois bochichos marcou presença no Copa e, xixi feito no poste, voltou correndo ao Pestana para usufruir de uma noitada que varou a noite numa suíte do hotel, regada a drinques e dadinho de tapioca nos moldes dos happenings dos anos oitenta, com direito a sofá da Hebe e muito suingue na picapes.


Apesar de ainda tímida nesse tipo de lançamento, que contou com o apoio da Melissa com cenário armado para instagramar, Erica mandou ver. Deu mesmo super certo. A prova? A forma como todo mundo se divertiu, sem peruca, mas na base do chapéu de aba larga e cabeças de chacrete com bocas dignas de Walerio Araújo prontas para apimentar montações em flashes animadíssimos.

“Eu adoro isso. Sou mineira, quero todo mundo naturalmente feliz, uai!”, mandava ver a moça nas visitas guiadas ao banheirão da suíte, torcendo para alguém entrar na banheira do Gugu. Não rolou, ninguém teve a coragem nesses dias de inquisição fantasiada de cancelamento nas mídias sociais. Questão de tempo, se todo mundo embarcar na coragem de Erica Rosa.

Confira abaixo a galeria de fotos do agito (Fotos: Instagram/Reprodução):
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Estreia no DFB:
Em junho, Erica Rosa foi uma das novidades do DFB Festival, em Fortaleza, maior plataforma de moda autoral da América Latina, organizada pelo casal Claudio e Helena Silveira. Erica apresentou sua nova coleção, na qual enfatizou seus pontos fortes: a cartela de cores reativa e a alfaiataria, embora mesclasse com pirações dispensáveis, como looks instagramáveis além do ponto, na contramão do seu evento. Na sede por fazer peças de impacto, a estilista optou por desfilar peças em malha de tule com maxi barbatanas criadas com macarrões, daqueles que se usam em piscina. Resultado: acredita-se que o estoque desse item possa ter desaparecido momentaneamente da Plast Rei, tradicional varejista carioca desse tipo de matéria-prima. Diante do ótimo bochicho dessa semana, no Rio, ÁS torce para que a moça se concentre naquilo que realmente importa nas próximas rodadas do DFB.

Com suas roupas diáfanas em montanhas de tule ou empenhadas em laçadas encorpadas, a moda de Erica Rosa se faz no encantamento ou no sonho mesmo, apesar de certos excessos. É no slow fashion dissociado, mas ligado às estações, que surgem o statement da marca. Do beachwear à alfaiataria, passando pela roupa-festa típica da label, o conto de fadas ganha forma no design moderno, usável e ultrafeminino. Nada de simplicidade forjada ou minimalismos pouco sedutores. Nada de bocejos mesmo.
Confira abaixo alguns looks:






*Por Andrey Costa e Alexandre Schnabl
Foto destaque: Divulgação
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