Faz a fama, deita-te na cama. Ou melhor, senta-te à mesa. O Rio anda mesmo dando trela para quem se refere à cidade como reduto dos prazeres da carne. Mas não exatamente no sentido que o leitor pensou em primeira mão. Uma fornada de casas e festivais dedicados aos cortes bovinos têm comparecido na urbe, em parceria dos restaurantes com frigoríficos, e ÁS foi conferir in loco as novidades. A começar pelo tradicional Garden, com 60 anos de estrada, que anda servindo um menu especial de carnes nobilíssimas fornecidas pela Provenza Carnes Especiais, frigorífico sediado na serra fluminense – em Itaipava.
A ideia da qualidade vem literalmente do chavão “criar o bicho solto”: os cortes são provenientes da raça inglesa Heresford, criada em pasto nativo no Rio Grande do Sul e o Garden firmou uma parceria esperta com a Provenza, selo de qualidade hoje em dia que conta com uma espécie de curadoria de gados exercida pelo bamba Wagner Provenzano de Paula, médico veterinário à frente da empresa, especialista em Tecnologia de Carnes. Muito provavelmente, o comensal do Garden vai perguntar: “E daí?!? Eu quero é comer bem!”. Bom, toda essa expertise faz a diferença, amor. O moço, que trabalha atualmente com oito produtores espalhados pelo Centro Oeste, Sudeste e Sul, entende de carne tanto quanto Sargentelli sacava de mulata. Ele mesmo é o responsável por fazer os cortes para seus clientes e filosofa: “O bem-estar do animal se reflete no prato do consumidor”. Lógico!

Boa surpresa: assado de tira do Garden, preparado com carne proveniente da Provenza Carnes Especiais (Foto: Divulgação / Tomás Rangel)
Os oito cortes, preparados em char broiler com pedras vulcânicas, são picanha de tira (R$ 94,50/350g), bife ancho (R$ 79/350g, retirado do filé da costela, suculentíssimo e uma das melhores surpresas do Festival), chorizo (R$ 79/350gr, uma beleza), fraldinha (R$ 79/350g) e, na linha de cortes com osso, assado de tira – no Brasil, chamada de costela – (R$89/550g, grelhada, servida ao ponto e de uma maciez ímpar, quase desmancha na boca), prime rib (R$ 120/550g), short rib (R$ 110/700g) e t-bone (R$ 110/550g).

Festival com sabor argentino: bife de chorizo é destaque no Garden (Foto: Divulgação / Tomás Rangel)
Dois acompanhamentos podem ser escolhidos à parte. São eles arroz branco, arroz maluco, batata frita, batata portuguesa, farofa na manteiga, farofa de ovos (maravilhosa, de salivar!), legumes grelhados, salada de palmito, salada caesar e salada Juliana da casa. Farofeiro de mão cheia, ÁS recomenda pelo menos uma das duas opções do cardápio. Vale correr, pois o festival vai só até 20 de março.
Entre as casas que abriram recentemente na Cidade Maravilha, está o Cortés, do grupo Ráscal, que aterrissou no final do ano no Shopping Leblon após um ano de sucesso em São Paulo. Como o próprio nome da casa sugere, a levada é argentina, com destaque para as típicas parrilladas. Amplo e confortável, o restaurante traz projeto arquitetônico mais descolado que a média criado por Flávio Bruschini (com um salão privê ao fundo que segue o estilo industrial britânico do início do século 20), e oferece opções de cortes uruguaios, argentinos e norte-americanos, além de hambúrgueres na brasa, peixes e camarões.

Shopping Leblon é o ponto escolhido para a segunda casa do paulista Cortés, que aposta na arquitetura contemporânea com toques industriais (Foto: Divulgação / Filico)

Cortés, no Shopping Leblon: iluminação quente valoriza a apresentação dos pratos, um ponto forte da casa (Foto: Divulgação / Filico)
Supervisionado pela chef Daniela França Pinto, o cardápio é enxuto, mas na medida. Vale o programa e complementos como o palmito pupunha são ótimos, com somente uma ressalva: as carnes poderiam vir um pouquinho mais temperadas, o que merece portanto uma nova conferida, agora que o Cortés já está devidamente estabelecido no Rio.

Destaque entre os antepastos do Cortés, as bruschettas já valem o programa (Foto: Divulgação / Marcelo Ferreira)
Além dos clássicos bife de chorizo, ancho e assado de tira, a casa apresenta alguns cortes não convencionais, como o vacio do dianteiro, popularíssimo abaixo do Rio da Prata. Mas foge do lugar comum. É a sócia Luisa Bielawski quem explica: “Não servimos picanha e filé mignon. Não por sermos contra, somente porque acreditamos que há opções mais saborosas para oferecer aos clientes”, conta, enfatizando as novidades exclusivas do cardápio carioca: o atum selado, o polvo e camarão à la plancha.

Vacio de dianteiro substitui no menu carnes consagradas no Brasil, como a picanha. Como acompanhamento, a farofinha de biju vem no ponto (Foto: Divulgação / Marcelo Ferreira)
O Cortés também se beneficia da parceria com um frigorífico, no caso, o B&B, do qual o Ráscal tem participação societária, contando com a consultoria do especialista Flavio Saldanha. Entre os complementos, a farofa de biju é must eat e a parrillada de legumes dá aquela oportuna sensação ao cliente de que, no fundo, não enfiou o pé na jaca. Contudo, como resistir? As linguicinhas chistorras são imperdíveis e ficam pau a pau com as do Venga. Já as batatas bravas são outras que pedem um pouco mais de tempero, tanto no sal quanto nas ervinhas .

Apuro visual: prime rib acompanhada de batatas bravas são apresentadas em composição cheia de charme no Cortés (Foto: Divulgação / Marcelo Ferreira)

Boa pedida: entre os frutos do mar, o polvo com mini agrião e batata ao murro, com alho confit no azeite de páprica, tomate e ervas (Foto: Divulgação / Marcelo Ferreira)
A casa tem boas opções de vinhos e cervejas para harmonizar com as carnes e, entre as sobremesas, ÁS recomenda a torta de chocolate belga com espuma de cupuaçu e a panqueca de doce de leite com sorvete de nata.
Recém-inaugurada no Recreio, a Pulperia Porteña é um misto de restaurante com uma espécie de centro cultural. Apostando numa levada cenográfica que reúne antiguidades, artesanato e objetos de arte (tudo à venda) que celebram o estilo de vida gaúcho, o restaurante tem recebido a presença de globais que se encantam com a ambientação, como Jayme Matarazzo, José Loreto, Bruno Gissoni, Thiago Lacerda, Marco Pigossi, Andre Segatti, Yana Lavigne, Rômulo Estrela e Rafael Cardoso, entre outros. Destaque para a mesa de totó no espaço dedicado ao futebol. Esse apuro visual é fruto da parceria da diretora de arte Lara Tausz com o cinegrafista argentino José Molina, encarregados do design de interiores. Diversão certa, portanto.

Pulperia Porteña: ambientação descolada com jeitinho hermano divide atenções com a proposta da casa de ser ao mesmo tempo boutique de carnes e lugar para degustação (Foto: Divulgação/ Pablo Muller)

Vedete da casa: na Pulperia Porteña, mesa de totó é coqueluche dos frequentadores, muitos deles globais que dão expediente pela Barra da Tijuca. Ao fundo, a área externa que pode ser reservada para eventos privados (Foto: Divulgação / Pablo Muller)
Inspirada as tradições do Sul do Brasil, Uruguai e Argentina, a Pulperia aposta tanto no preparo das carnes na hora quanto na vocação de boutique que comercializa peças frescas, cortes especiais de origem e acessórios para churrasco, além de molhos e temperos personalizados e desenvolvidos pelo chef Diogo Scott. E ainda conta com área externa com parrilla que pode ser reservada para eventos particulares, com capacidade para 40 pessoas. É ali que o cliente escolhe a carne fresquinha a ser preparada diretamente na parrilla.

Chef Diogo Scott prepara os cortes escolhidos pelos clientes na Pulperia Porteña (Foto: Divulgação / Marcello Sá Barreto)
E, nessa pegada de restaurante associado a frigorífico, a bola da vez aqui é o Frigorífico Silva – Best Beef, que fornece cortes das raças Angus e Hereford. Dois dos sócios, Diego e Pablo Muller – diretores, roteiristas e produtores de cinema e televisão, daí o approach da Pulperia com a turma da TV – são de família pecuarista e possuem duas propriedades rurais no sul do Brasil, provendo os animais para o frigorífico, o que confere, além da garantia de procedência, ótimo preço e qualidade da carne. Além dos irmãos Diego e Pablo, também é sócio na casa o ex-jogador de futebol Yan Razera.

A morenaça Yanna Lavigne mostra uma das cervejas gourmet que podem ser encontradas na Pulperia Porteña (Foto: Divulgação / Marcello Sá Barreto)
Para fechar, os proprietários firmaram uma parceria com a bacanérrima Cerveja Coruja, de Porto Alegre, e dispõem do portfolio completo de produtos. E, nessa onda das cervas gourmet, eles também contam com as louríssimas das linhas Backer e Cidade Imperial, além de desenvolverem dois chopes artesanais exclusivos da casa: a Pulperia Porteña Red Ale e Pulperia Porteña Witbier, produzidos pela Roncaria Cervejas Artesanais de São Paulo, e que estarão disponíveis on tap.
Serviço
Cortés: Shopping Leblon – Rua Afrânio de Melo Franco 290, lojas 410/411, Leblon.
(21) 3576-9707
Almoço de seg. a sexta, das 12h às 15h15; sáb., dom. e feriados, das 12h às 17h15. Jantar de dom. à a qui. e feriados, das 19h às 22h15; sex., sáb. e véspera de feriados, das 19h às 23h15.
C/c: Amex, Diners, Mastercard e Visa
Garden: Rua Visconde de Pirajá, 631, loja B, Ipanema, Cep: 22410 001.
Tel: (21) 2259-3455.
Capacidade: 100 lugares.
Horário: de seg. a sáb., das 12h às 1h, dom., das 12h às 18h
Cc.: Diners, Mastercard e Visa.
Manobrista.
Pulperia Porteña: Avenida Glaucio Gil, 1246 loja C – Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro
(21) 3497-8977
Horário: de ter à sáb, das 9h30 às 20h30, dom., 9h30 às 15h, inclusive feriados
C.c: Diners, Mastercard, Visa
Estacionamento e manobrista.
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