Casal à frente da maior semana de moda autoral da América Latina, o DFB Festival, que acontece todo ano na capital cearense, em maio, Claudio Silveira e Helena Silveira praticamente passaram os últimos meses na ponte aérea Fortaleza/Rio. Afinal, nesta quinta-feira (26/1) começa a segunda edição do ID:Rio, misto de semana de moda e evento cultural, com workshops e shows de música, que movimenta o mercado de moda em Niteroi, se desdobrando até o Centro do Rio, e cuja primeira rodada aconteceu em plena pandemia, meio tímida, mas cheia de garra no final de setembro de 2021. Entre um compromisso e outro por conta da reta final da montagem, Claudio Silveira bateu um papo reto com ÁS e, entusiasmado, mandou a braba que revela, logo de cara, o nível de empolgação do realizador: “Mandei vir um caminhão que trouxe de tudo, inclusive uma sala de desfile completa com 1.000m de box truss [estrutura de metal para sustentar a iluminação de uma passarela]”, dispara com jeito de enfant terrible, apesar dos seus 60 anos.

Tal apreensão não é por menos: se o evento, que tem o patrocínio do maior parceiro de Claudio, a Enel – multinacional de origem italiana que opera na geração e distribuição de eletricidade e gás – há um ano e meio veio bem-feito, mas modesto, dessa vez a proporção é outra: “Essa edição custa dois milhões de reais, pouco para por uma semana de moda de pé, mas grande, se comparado com os quatro e meio que gasto para botar para jogo o DFB com um espaço de mais de 30 mil metros quadrados”, revela Claudio, que curte mergulhar nos projetos quase como um apaixonado mecenas renascentista: “É doideira. Acabo sempre apostando todas as fichas na qualidade, e, na realidade, isso come a minha verba. Quando muito, consigo arrecadar para mim dez por cento do valor arrecadado, mas o resultado sempre compensa esse desprendimento. Sou movido pelo tesão de fomentar a moda. Isso não tem preço. É por isso que fugi daqueles formatos de evento que já foram testados no Rio, aprovadíssimos, mas que acabaram abortados porque os cariocas são muito individualistas e não sabem unir forças”, vaticina. “Quero algo novo. O evento não é autoral, tem teor comercial. Mas, como ninguém de é ferro, vou inventando umas maluquices junto com a Roberta Marzola, que é a minha produtora de moda. A gente fica vendo os looks meio comerciais, aí sabe como é: acabamos inventando uns elementos de styling, incrementando com a mão coçando. Vamos dando uma ajeitada, deixando a cara mais moderna”, ri.
Dessa vez, o evento, que tem seu epicentro na Reserva Cultural, na Cantareira, bem no Centro da antiga capital fluminense, incorpora ao mix de desfiles, shows de música e palestras, feira de moda autoral e design em parceria com a Carandaí 25, apresentação do trabalho de artesãos do Estado do Rio e até exposição de upcycling na Biblioteca Parque Estadual, na Avenida Presidente Vargas, no Rio. “Tá valendo. Acho fundamental oferecer ao público um evento completamente 0800 que apresente a excelência de marcas de polos têxteis de qualidade, como Cabo Frio e Nova Friburgo. Estou, por exemplo, encantado com a CCM, grife da serra fluminense que vai desfilar seu activewear. E com a Dress To, original daqui de Niteroi, da Tatiana Amorim, que faz uma moda feminina de qualidade, mas nunca pisou numa passarela”, Claudio rasga seda, dando vazão ao seu mapa astral aquariano: “Vivo de sonho, não de patrocínio.”

Sobre o crescimento do ID:Rio, assim como a ampliação do DFB pouco antes da pandemia, se mantendo grande no pós-vacina na contramão dos demais eventos de moda Brasil afora, Claudio Silveira atribui o sucesso à mescla de crença no que faz com a solidificação de bons relacionamentos. “Parcerias são tudo, assim como acreditar em si mesmo é sempre potência. As duas coisas caminham lado a lado”, filosofa, creditando o bom momento de sua produtora ao trabalho afiado que vem tecendo ao longo dos anos: “Observei muito o mercado fluminense, o que precisava ser feito em Niteroi. Fico feliz de poder sustentar sem trauma a ideia de que é possível realizar um evento desse porte; Niteroi necessita desse momento coletivo, com participação do Senai, do Plaza Shopping e do IED [Istituto Europeo Di Design], que o evento proporciona”.

Ainda sobre a questão das collabs, ele flana no cenário atual: “Houve certo esgotamento de alguns formatos tradicionais, em eventos pelo Brasil. Tiveram seu momento, é claro, mas o contexto mudou. Por isso, players que nunca haviam parado para prestar atenção na gente voltaram seu olhar para o DFB, ano passado. Ganhamos muita visibilidade. Nomes como Patrícia Carta [Bazzar Brasil], Daniela Falcão [Nordestesse] e Marina Caruso [ELA O Globo] vieram nos prestigiar pela primeira vez. Ampliamos não só a visibilidade, mas as proporções: mais área construída, mais desfiles. Tudo cresceu e reverbera no ID:Rio. Fico feliz de poder contar dessa vez, aqui no Rio, com shows de artistas como Fernanda Abreu e Nando Reis, entre outros”, celebra.
Confira abaixo a programação de desfiles do ID:Rio:
26/01 – Quinta-feira
18h – Rua dos Biquínis
19h – Beepfit
20h – Energia Enel
27/01 – Sexta-feira
18h – IED Rio apresenta Erica Rosa
19h – Shopping Plaza Collab apresenta Sacada + Oh, Boy! + Lizie + Track&Field
20h – CCM
28/01 – Sábado
18h – Dress To
19h – Firjan Senai Espaço de Moda
20h – Marju e Kitecoat
Confira abaixo a programação de shows:
Quinta-feira – 26 de janeiro
15h – DJ Felipe Roale
21h – Fernando Rosa
Sexta-feira – 27 de janeiro
15h – DJ Felipe Roale
17h – Sávio
21h – Melim
Sábado – 29 de janeiro
15h – DJ Felipe Roale
17h – Guilherme Schwab
21h – Nando Reis
Domingo – 29 de janeiro
15h – DJ Felipe Roale
17h – VVG
21h – Fernanda Abreu
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