* Por Bianca Clark
Ela não tem as madeixas solares de Gisele Bündchen, nem as curvas de Candice Swanepoel ou ainda as sobrancelhas espessas de Cara Delevingne. Também nunca tirou fotos sensuais com Kate Moss, nem namorou rappers milionários. Não saiu por aí dizendo que “já beijou uma menina e gostou”, nem se autodeclarou “mulher facilzinha e namoradeira”. Não canta, nem estrela filmes de ação. Logo, você não a verá na primeira fila das semanas de moda, sentadinha ao lado de Chloe Sevigny, nem no tapete vermelho do Grammy, fazendo carão para a Beyoncé. Mesmo assim, Fifi Lapin, uma graciosa personagem criada pela ilustradora inglesa de identidade desconhecida (pequeno detalhe que torna a história ainda mais fascinante) tem quase 30 mil seguidores no Facebook, mais de 17 mil no Instagram e 11 mil no Twitter, além de ser dona de um closet de dar inveja a muita fashionista experiente, claro. Só aqui nesta matéria você pode vê-la desfilando looks das grifes Celine, Marc Jacobs e The Row, um vestidinho vintage de Stella McCartney, uma estampa bem anos 80 de Dolce & Gabbana e um longo de Valentino (esse para a campanha da marca de bolsas de Clare Vivier).
Para entender a trajetória stylish dessa coelhinha orelhuda, magrela e chamosíssima, é preciso voltar ao ano de 2007, quando sua desenhista resolveu montar um blog para sua bunny descolada, o qual reunia dicas de moda respondendo à pergunta “what shall I wear today?”, ou “o que devo vestir hoje?”. No site, a reprodução das roupas criadas pelas grifes famosas através de desenhos coloridos era inacreditavelmente fiel ao que se via nas passarelas e editorias. E assim tem sido até hoje. E com boas pitadas de humor. Para se ter uma ideia, na rede, ela (ou melhor, sua criadora) se apresentava como uma coelha nascida de uma ninhada de 257 irmãos e irmãs.
Mas nem tudo foi glamour na vida de Fifi… Quando a fofa tinha apenas um ano de idade, um surto da doença mixomatose (que só ataca coelhos) matou todos eles. Fifi foi a única sobrevivente da ninhada. Ou da prole. Por causa disso, seus pais se tornaram protetores ao extremo e acabaram lhe estragando com mimos, presentes e roupas de grife. Ela é a única herdeira da fortuna que seu pai montou, jogando com cenouras e alfaces no mercado internacional de ações. Algumas pessoas até pensam que Fifi não passa de uma socialite chique, mas ela se considera muito mais do que um par de orelhinhas bonitas.

Pobre menina rica tipo Paris Hilton: assim como a socialite, a coelhinha sabe tirar proveito da fama alcançada para ganhar dinheiro (Foto: Divulgação)
Talvez por isso rapidamente tenha começado a colecionar fãs ao redor do mundo, despertando a atenção dos trend setters. No mesmo ano de 2007, a revista Elle chegou a elegê-la “a coelha mais stylish do planeta” e as marcas passaram a convidá-la como “coautora” no desenvolvimento de coleções de edição limitada. Foi assim com a Sephora, com a Topshop, com Marc Jacobs, Le Sportsac, Juicy Couture e Mamas & Papas, entre outras. Fifi Lapin passou a estampar lenços, camisetas, bolsas, cadernos, cases para celulares e bijouterias. Virou livro e boneca de pano também. Na Ásia, a coelhinha é tão adorada que, em 2011, ano do coelho segundo o horóscopo chinês, foi homenageada e virou decoração de um grande shopping center em Hong Kong.

Faturamento animal: licenciado milionário feito pela Juicy Couture com a estampa da it-bunny Fifi Lapin inclui até lenços (Foto: Divulgação)
Agora, com a nova coleção de cosméticos anunciada em parceria com a Boots, a coelha promete voltar com tudo, afinal, ela tem o poder de ser chique e vestir os modelos mais cobiçados do planeta. São esmaltes, batons, lixas de unhas e vários outros produtinhos que desembarcam nas prateleiras das lojas (e na internet) a tempo para as compras de Natal. Detalhe: as embalagens vêm com orelhas e tudo. Tudo fofo, como ela. E isso é para poucas, não é mesmo? Beijinho no ombro, Fifi…
* Jornalista carioca com pós em Estudos da Indumentária, escreve para moda e beleza há 20 anos e já fez o diabo: foi editora de beleza da revista Desfile e editora chefe da YOU Brasil, assinou catálogo para a Sephora, escreveu o livro “Dzi Croquettes – Te Contei?” e ainda produziu projetos especiais na Associação Cultural “O Mundo de Lygia Clark”. Sua ligação com o mundo do hairdressing lhe deu o passaporte para as feiras do setor e se diz “louca por creminhos, totalmente dependente de cabeleireiros.” E ama perfumes; só não usa porque (ironia do destino!) sofre de asma.
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