Ficou gigante! De fato, o MITA Festival 2023 já havia ganho aquele ar apoteótico apenas ao elencar para o line-up da sua segunda edição uma cepa de artistas que marcariam seu regresso. Da headliner Lana Del Rey aos roqueiros brasucas do NX Zero, o público logo soube que opções não faltariam para aqueles bem-aventurados pelo mundo da música experimentarem aquela nostalgia de fã. A promessa se cumpriu. Em estrutura que ocupou novamente o Jockey Club Brasileiro, na Gávea, Zona Sul do Rio, a vibe megalomaníaca começava já nos portões de acesso, que apesar do volume de pessoas, fluíram tranquilamente.
Tudo isso para ver de perto Melly, Larinhx, que convidou MC Carol, Slipmami e Ebony para dividir o palco; Gilsons; Jorge Ben Jor; Planet Hemp, que chamou Tropkillaz para agitar a galera no Palco Deezer, intercalando as apresentações do Palco Corcovado, onde o show de Lana aconteceria, após Jehnny Beth; BADBADNOTGOOD com Arthur Verocai; e Flume. Ou seja, nada de corpo mole! Apesar do bem-bom dos espaços gastronômicos e dos bons drinques sempre gelados e bem feitos, encarar a oscilação de temperatura do Errejota foi para os fortes.
O tempo de outono ajudou, apesar da variação térmica. Se, para ambos os dias, a parte da manhã e o começo da tarde foram de sol pleno, ao cair da tarde o termômetro ia baixando rapidamente. E, como para o carioca 20ºC já é motivo suficiente para botar casaco, a opção substituta desse foi pulular de um canto ao outro para conferir as ativações desse ano, que contou com as presenças da Redley, Mike’s, Heineken, gin Vitória Régia, whisky Jack Daniels, BAW, Brewteco e Deezer (leia mais aqui!).
Após o aquecimento de “responsa” garantido pela mulherada que abriu o primeiro dia de evento, os Gilsons emendaram seu show e garantiram o post mais instagramável do dia. Tudo o que se via nas redes sociais eram trechos do hit “Várias Queixas“. Afinal, o céu aberto e Cristo Redentor ao fundo rendem bons registros.
Na sequência, Jorge Ben Jor eclipsou qualquer possibilidade do mood oscilar. Com uma seleção de digníssimas músicas enérgicas retrabalhadas, o artista, pleno ainda aos 84 anos, não apenas flanou no palco como aparentemente excedeu seu tempo, fazendo com que a produção cortasse o som para não comprometer o horário acordado com o DJ Flume para a apresentação no Palco Corcovado. Dessa vez, Ben Jor foi o medalhão MPB responsável por contagiar o público, como aconteceu com Gilberto Gil no ano passado.
Acostumados a conferir ultimamente o artista de “Taj Mahal” apenas em posts sociais do posudo Copacabana Palace, onde mora atualmente, ou em registros digitais, os GenZers finalmente puderam conferir cara a cara, no palco, a potência do seu suingue. Quem, da geração Anitta, que ainda não o conhecia direito pode descobrir em plenitude um dos pais do sambalanço.
Atendendo à demanda por um som eletrônico, o DJ FLume foi escalado para agitar. Aditivando sucessos através da sua técnica enfezada e trepidante, o grupo arrancou suspiros até da turma chegada ao perfil gringo com cabelinho dos Backstreet Boys, preparando o terreno para Lana Del Rey. Faz parte!
Após quatro anos longe dos shows, a cantora estadunidense Lana Del Rey marcou seu comeback no palco do MITA em clima de muita expectativa. Ânimos aflorados, sabe? Lana é o emblema de uma geração. E desperta a curiosidade de outras. O show começou dentro do horário marcado com a frase “Deus te abençoe, Brasil” projetada no telão. Usando um look all black e com uma peruca loira Marilyn Monroe vibes, a moça abriu com “A&W” o tão aguardado setlist, que veio repleto de sucessos.
Na sequência, “Young and Beautiful” arrancou um coro uníssono e emocionado dos admiradores da artista, que se esgueiravam para poder chegar o mais perto possível do palco. Num total de 20 músicas, canções como “Cherry“, “Pretty When You Cry” animaram o público antes da virada para a trinca de sucessos “Ride“, “Born To Die” e “Blue Jeans“.
Lana, que anda peregrinando pela Cidade Maravilhosa atrás dos rolês mais aleatórios possíveis, tipo uma voltinha pelo Leblon com parada no Boteco Boa Praça ou uma ida à missa — com direito a unção de um padre e tudo! —, ainda demonstra que o palco é certeza. Rodeada por um corpo de baile e backing vocals impressionantes, seus vocais cristalinos se mantêm firmes, ganhando força quando mesclados com passinhos sincronizados das bailarinas.
O show seguiu com um repertório composto apenas por hits, mas com certa atenção dada a novos arranjos majestosamente executados em equilíbrio com a boa interpretação da artista e sua verve sentimental na hora de cantar. Aliás, a melancolia brilhante que a projetou ao mundo do espetáculo segue movimentando afetos no público fiel, com a artista parecendo ter ainda muito mais a revelar.
*Por Andrey Costa
Foto destaque: Divulgação
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