Tudo na moda são ciclos. Teve o momento em que modelos andróginos despertavam a atenção pela dicotomia do gênero. Também houve a passagem pela roupa unissex, que servia aos dois gêneros existentes como solução para uma moda desvinculada da semiótica do masculino & feminino, bem antes da explosão da pluralidade trans. E ainda a retomada dos códigos da masculinidade através das roupas repensadas através daquilo que era considerado feminino. Nesta última edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), dentre o total de 41 desfiles, marcas se empenharam em apresentar coleções que, mesmo com pouco incentivo, abraçaram a diversidade, respeitando o estilo sem gênero como fruto de desejo.

Representante máxima do masculinidade por suas características sóbrias, elegantes e discretas que remontam à Revolução Industrial e o advento da Modernidade, a alfaiataria agora se desconstrói pautada na delicadeza, norteada pela vulnerabilidade e impregnada de sensualidade. Mais que tendência, foi o epicentro do que rolou na semana de moda. Por isso, ÁS elencou algumas etiquetas que representaram com destaque essa vertente. Confira!

Moda masculina se ressignifica no SPFW como forma de sobreviver à fluidez dos novos tempos.
Na Apartamento 03 de Luiz Claudio Silva, o pintor Estevão Silva foi o ponto de partida. Partindo da obra invisibilizada do artista, que passou a ganhar atenção através de revisitas, o estilista desconstruiu a imagem imaculada de ternos completos. Teve transparência, teve mix de texturas e, principalmente, teve a assinatura do pintor e do estilista em sinergia através da moda. (Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite/ Divulgação)
Moda masculina se ressignifica no SPFW como forma de sobreviver à fluidez dos novos tempos.
A Coleção “Colosso” de Igor Dadona ainda vai render muitos elogios. Sendo um dos principais criadores nacionais millennials que entenderam e abraãram discussões de gênero através do design primoroso e engajado, ele ressurge no SPFW com maturidade criativa através da alfaiataria. Temática nova se traçarmos um paralelo com as últimas coleções, as flores, adocicam a sobriedade da nova alfaiataria poderosa da marca, imprimindo leveza aos maxi casacos. Como não amar? (Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite/ Divulgação)
O melhor da moda masculina do SPFW N55!
Um terno completo feito em tecido usualmente fabricado para vestidos de noiva? Temos! João Pimenta celebrou seus 20 anos de marca buscando suas principais referências. A partir delas, desafiou tudo o que ele criou até agora. Para a abertura do SPFW N55, que aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo, o estilista investiu na pureza da transparência e na beleza da renda bordada, além de ter cruzado a passarela com seu clássico combo de terno-saia, que sempre rende uma boa imagem de moda. (Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite/ Divulgação)
Dudu Bertholini assinou o styling de uma coleção concebida por egressos do sistema penitenciário, que sintetiza bem o jeito que a Ponto Firme de Gustavo Silvestre dinamiza sua criação. Os paetês cortados à laser em formas surrealistas e pouco comuns, até para a marca, demonstram que o projeto social direciona seu estilo para o campo do sexy-futurista. Homens e mulheres envergarm looks que podem ser intercambiáveis entre sexos e gêneros, possibilitando um diálogo cada vez mais próximo com um consumidor em desconstrução. (Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite/ Divulgação)
Moda masculina se ressignifica no SPFW como forma de sobreviver à fluidez dos novos tempos.
A cepa lúdica ficou por conta de Ronaldo Silvestre, que apresentou estampas desenhadas por crianças do projeto Crescer Sustentável, do Instituto Iti. Esse resgate da inocência, que por vezes a moda masculina costuma maquiar, tem muito a ver com a inteligência emocional empregada em nossas ações. Logo, nada mais coerente do que a revisão dos valores daquilo que construímos ao longo da vida, esbarrando na maneira como nos comunicamos, através da roupa hoje. (Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite/ Divulgação)
O melhor da moda masculina do SPFW N55!
A Santa Resistência de Mônica Sampaio foi o unguento necessário na forma de se repensar o guarda-roupa tido como masculino. Os vazados da camisas seduziram na medida certa. Logro alcançado por poucas marcas que se arriscaram na ressignificação do que é sexy para eles. (Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite/ Divulgação)
O melhor da moda masculina do SPFW N55!
Em sua estreia após anos de Casa de Criadores, Rafael Caetano causou no SPFW. Sua visão peculiar do homem engloba estampas vistosas, bota a barriga de fora e não tem medo de sobreposições. No campo do desejo, desperta interesses associados à cor, que pode ser decupada sem alarde. Tudo para adequar as peças tanto às situações formais quanto mais despojadas do dia a dia. (Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite/ Divulgação)

*Por Andrey Costa

Foto destaque: Divulgação

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