O alemão Roland Emmerich é responsável por ressuscitar o filme-catástrofe nos anos 1990, atualizando a fórmula criada vinte e poucos anos antes por Irwin Allen, modernizando tudo com recursos digitais e se aproveitando das incertezas do Novo Milênio para impregnar de atmosfera urgencial suas realizações tão exageradas quanto um look de Ivana Trump. Desde de “Independence Day“(1996), ele vem brindando o público com impressionantes espetáculos visuais onde a Terra é tragada por forças alienígenas mais maléficas que Odete Roitman ou cataclismas de proporção megalômana produzidos com efeitos especiais de ponta. Nessa obsessão por dizimar a população mundial com espetaculosidade sísmica digna de uma bateria da Sapucaí, o diretor carnavaliza com propriedade o fim do mundo, com direito à conversão de atores como Will Smith e Jake Gyllenhaall em astros de primeira grandeza. Ele entrega aquilo que o público quer ver. Agora, ele literalmente dá a lua. Em “Moonfall: ameaça lunar” (Moonfall, Lionsgate e outros, 2021), o satélite sai de órbita em direção ao nosso planeta, num evento de extrema gravidade, em duplo sentido.

Confira abaixo o trailer oficial legendado (Divulgação):
Apesar de ter no currículo o baita sucesso “Independence Day” e alcançado o ápice da aniquilação nos eletrizantes “O dia depois de amanhã” (2004) e “2012” (2009), nos últimos tempos Emmerich anda amargando uma má fase, com catástrofes se consagrando com essa alcunha também na bilheteria. O tardio “Independence Day: O Ressurgimento” (2016) rendeu menos da metade da produção original e “Midway –Batalha em alto mar” (2019) mal se pagou.


Isso talvez justifique a sua economia em por abaixo menos cartões postais que o de costume. Em “Moonfall”, nem Nova York (outra mania sua) detonada da cabeça aos pés comparece nessa produção que, quando finalmente resolve mostrar para valer sequências de destruição, consegue visualmente impactar.
Pena que, dessa vez, ele esteja mais esquemático que nunca, lançando mão dos clichês numa vibe laissez-passer. Tipo “deixa rolar”. Os personagens são tão epidérmicos quanto um arranhadinho no braço e o seu desenvolvimento é preguiçoso. Tudo bem que, em tratando de filme-catástrofe, o festival de arquétipos aflora. Mas aqui, convenhamos, deu.

O divertido mesmo fica por conta de identificar referências usadas por Emmerich vindas de tantas produções diferentes. Além da mistureba de “Independence Day” com “2012”, ganha uma bala Juquinha que encontrar menções a “2001: uma odisseia no espaço” (1968), “O exterminador do futuro” (1984), “Transformers” (2007), “Gravidade” (2013), “Interestelar” (2014) e a tantas outras produções nesse american kilt. Prepare seu olhar arguto para identificá-las.
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