Mantidas as devidas proporções, era como se fosse o Baile da Ilha Fiscal, o mitológico rega-bofe que praticamente encerrou o Império, última grande festa da monarquia seis dias antes da proclamação da república. Neste, a corte inteira saracoteou como se não houvesse amanhã, mesmo com o indício de que algo muito grave estava por vir. O tradicionalíssimo Baile do Copa, que praticamente abre a folia no Rio de Janeiro reunindo o creme da sociedade carioca no carnaval, teve um certo quê de Ilha Fiscal, e os 2 mil animadíssimos convidados se divertiram a valer nessa noite de sábado (6/2), como se o mundo lá fora pudesse terminar de uma hora para outra. Ilusão, claro, como a própria folia.
Obviamente – e ao contrário do agito que ficou conhecido como o último suspiro de um Rio Imperial –, a Cidade Maravilha prosseguirá radiante como sempre, apesar das trapalhadas na cena política nacional, e o hotel-emblema da urbe e sede do Olympia Magic Ball 2016, o Belmond Copacabana Palace, continuará reinando soberano como um Olimpo na paisagem carioca. Encanto não falta. Mas, levando em conta o Brasil atual, o contexto do Rio, o excesso de blocos nas ruas, a ausência de policiamento que incomodou até Preta Gil no Bloco da Preta e a incerteza daquilo que poderá acontecer no país após as olimpíadas, clima inebriante parecido com o definitivo badalo da corte tomou conta da festa, que teve como tema a Grécia olímpica, alusão aos jogos que tomam conta da cidade em agosto próximo.

Olympia Magic Ball 2016: Baile do Copa emula a Grécia Antiga, mas com direito a opulência de Império Romano (Foto: Miguel Sá e Bruno Ryfer/ Divulgação)
Entre inúmeras belas Afrodites, irradiantes Apolos, cerebrais Palas Atenas, Hércules marombados, Zeus soberanos, intrépidos Belerofontes, Bacos soltinhos, medusas petrificantes e até curiosas personagens – vestais na forma, messalinas na atitude –, criaturas mitológicas capazes de fazer o poeta Homero revirar os olhinhos circularam pelos salões do hotel. Sim, ÁS assumiu a verve observadora de quem registra o grand monde e deliciosamente presenciou a alegria de algumas elegantes bacantes incapazes de resistir ao charme dos soldados greco-romanos, de abdômens espartanos que faziam as vezes de estátuas vivas. Clima de hedonismo? Feitiço de alguma divindade? Talvez. Mas o clima leve, a igualmente sofisticada e fantasiosa noite e a bela decoração a cargo do carnavalesco Mario Borriello (com direito a enormes colossos dourados, como nas antigas cidades-estado helênicas, bastantes uvas e muito olho grego para espantar reza-forte de erínia mal humorada) eram a deixa certa para se entregar à nefelibática atitude de ninfas e nereidas. Carnaval é isso!

Campos elísios: a foliã entra em regime de êxtase digno daqueles vão direto para o paraíso dos gregos, no Baile do Copa sob a forma de uma trupe de rapazes capazes de “fechar” o Olimpo (Foto: Zeca Santos)

Os seis de Esparta contra a pequena ninfa: a medalhista Danielle Hypolito assume sua porção olimpiana ao lado do exército de Macistes, todos com tanquinhos dignos de conter os persas na Batalha das Termópilas (Foto: Zeca Santos)
Colossos de Rodes, teto de parreiras, estátuas vivas e banquete digno de Platão. Confira abaixo as fotos de Miguel Sá (Divulgação) e Zeca Santos (exclusivas):
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Vinhas da ira, ops, do amor: à frente de toda a preparação do Baile do Copa, Andrea Natal saboreia um cacho de uvas, desfrutando do sabor da vitória no Peloponeso carioca: “Essa é uma noite mágica, de alegria e diversão. Carnaval no Rio e no Copa não poderia ser diferente e esgotamos os ingressos!”, afirmou a bela ao ÁS (Foto: Miguel Sá e Bruno Ryfer / Divulgação)
Como uma poderosa Hera, a diretora do hotel Andrea Natal, recebeu os convidados com simpatia e beleza ofuscantes, capazes de criar uma disputa entre deusas roxas de inveja, daquelas que transformam o Olimpo em Tártaro. E, no panteão de divindades do espetáculo, a Rainha do Baile e atleta Mari Paraiba (escolhida a dedo pela graciosidade e função pertinente ao tema desse ano) fez bonito, com curvas capazes de gerar um rapto mais comentado que o das sabinas. A morena, que foi medalha prata no vôlei de praia, nos Jogos Panamericanos de Toronto em 2015, sabe arrasar num tubinho vermelho arrasa-quarteirão, do tipo que derruba até os muros de Troia.

Da esquerda para a direito, o trio de deusas que comandou – cada qual a seu modo – o festejo no Olimpo carioca: Sabrina Sato – prova de que orientais já tinham lugar cativo ao lado de Zeus -, a toda poderosa, mas queridíssima Hera, ops, Andrea Natal, e a rainha do Baile do Copa Mari Paraíba – linda como a turmalinha homônima (Foto: Miguel Sé e Bruno Ryfer / Divulgação)
Confira abaixo a verdadeira Fúria de Titãs:
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Mas, Sabrina Sato – como uma rápida Atalanta, a protegida de Ártemis que era ágil de danada –, envergando um drapeado do Reinaldo Lourenço passou-lhe a dianteira e, mesmo sem o cetro, provou porque é rainha-mór do carnaval, engolindo atenções da mesma forma com que Saturno devorou seus filhos. E, como toda ação gera reação, a resposta pode até vir a galope, ou melhor, nas asas de Pégaso: quem sabe a japa é convidada para ser a rainha do baile ano que vem?

Andrea Natal (esq.) e Sabrina Sato (dir.): a louraça Helena de Troia que perdoe, mas o Olimpo é das morenas (Foto: Miguel Sá e Bruno Ryfer / Divulgação)
Detentora do verdadeiro espírito democrático grego, La Sato fez a alegria da turma alegre presente no badalo. Confira abaixo os clique exclusivos do ÁS (Zeca Santos):
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Dessa vez, havia bem menos Adônis que nos bailes anteriores, mas, por outro lado, duplas de Aquiles e Pátroclos de várias gerações podiam ser vistas pulando carnaval. E possivelmente nunca se viu tanta coroa de louros adornando smokings, pelo menos num passado recente, com o ator Marcos Caruso (sem coroa) capitaneando a elegância, com seus óculos de armação rubra. Ele tem a estirpe de astro de cinema e isso é inegável. Sempre se destaca.

Chiquitude: da esquerda para a direita, René Mesquita, Adelso Nandarino, Fernanda Nandarino e Marcos Caruso, um dos mais elegantes da noite, com seu carão de “noite do Oscar” (Foto: Miguel Sá e Bruno Ryfer / Divulgação)
Todo ano, um time de passistas e ritmistas são o ponto alto do baile, em desfile que percorre os salões do Copacabana Palace até chegar ao palco do Golden Room. Confira abaixo as fotos de Miguel Sá e Bruno Ryfer (Divulgação) e Zeca Santos (exclusivas para o ÁS):
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Mas, se uma Grécia de Hollywood (ou Cinecittá) é a tônica, quem chamou atenção pelos saguões foi Sir Ian McKellen, o ator britânico associado pelo grande público ao Magneto da série “X-Men“ e ao Gandalf da saga “O Senhor dos Aneis“. Quem já o assistiu fora do circuito dos blockbusters em longas de prestígio intelectual como “Deuses e Monstros“ (Gods and Monsters, 1999, pelo qual concorreu aos Oscar e ao Globo de Ouro de ‘Melhor Ator’) e “Ricardo III” (Richard III, 1995), sabe que este ativista gay é chique a dar com o pau e flana pelos salões como uma pluma. Ou como o deus Hermes, protetor dos comerciantes, dos pastores e de quem lida com comunicação. E suas opiniões hedonistas acerca do mundo e da sexualidade não poderiam estar melhor emolduradas por uma festa que homenageia a Grécia Antiga.
Apesar disso, McKellen não quis dar entrevista, mas fez cara gaiata na hora de posar com exclusividade para o ÁS. E também não foi a única celebridade internacional a conferir o agito: Christian Louboutin também estava junto do animado time que tomou parte dessa seleção de famosos do Copa. Tudo a ver, já que o moço é conhecido pelos seus sapatos com solado pintado de vermelho e o nobilíssimo púrpura sempre foi a cor dos bem-nascidos, desde a Antiguidade Clássica.

Pinta com sabor mutante: o X-men Ian McKellen investe num olhar 43 gaiatão para a lente de Zeca Santos, ao lado do mago dos sapatos alçado a Nero dos calçados Christian Louboutin e de um amigo (Foto: Exclusiva Ás na Manga)
Mas, em um baile onde predominou o azul & branco, o vermelho Louboutin não compareceu somente na rubra presença do criador de acessórios francês. Andrea Dellal surgiu na vibe poderosa de uma Clitemnestra, da cabeça aos pés na cor que representa a deusa Héstia.

Tipo Rossana Podestà: Andrea Dellal incorpora a grega com propriedade na entrada do baile, roubando o brilho dos deuses como um Prometeu nada acorrentado (Foto: Migule Sá e Bruno Ryfer / Divulgação)
Mas o fulgor rapidamente se verteu em exuberante alegria: após tropeçar no vestido de outra convidada, ela se esbaldou com seu bom humor típico e aí, bom, não houve quem segurasse o sorriso. Veja a foto exclusiva do ÁS (Zeca Santos):

Divindade da alegria: Andrea Dellal se esbalda com o flagra no momento em que levou outra convidada à lona, por conta de uma cauda de vestido sobrando (Foto exclusiva do ÁS: Zeca Santos)
Mediante toda essa fogueira de vaidades, ÁS incorporou Plínio, o Velho – o escritor, naturalista e historiador romano que ficou conhecido por tentar desvendar os segredos da explosão de Vesúvio em 79 d.C. – e fez a pergunta que não quer calar: considerando a Rio 2016, o que Poseidon perguntaria sem pestanejar a Iemanjá? Naturalmente, as respostas tiveram o seu quê de oráculo. Confira as fotos de Miguel Sá e Bruno Ryfer (Divulgação) e Zeca Santos (Às na Manga).

Ao lado do marido, a eterna Mulata das Sardinhas 88 e musa do carnaval carioca nos anos 1970/80, Adele Fátima, acredita que Poseidon pediria passagem à Iemanjá, “Como num desfile de escola de samba” (Foto: Zeca Santos)

Na companhia da esposa, o voleibolista Giba “gostaria de contar com a boa vontade tanto dos deuses gregos quanto afro-brasileiros para iluminar o Brasil em relação ao desenvolvimento do esporte nacional”. Para o campeão olímpico, “o país precisa valorizar mais os atletas e promover subsídios para o crescimento do setor no país (Foto: Zeca Santos)

Olympia Magic Ball 2016: a transex Rudy, a maravilhosa, pensa que o deus dos mares sugeriria à entidade afro-brasileira que protegesse um Rio mais plural, tão alegre quanto realmente detentor das causas plurissexuais: “A diversão deve coexistir cada vez mais com a tolerância aos mais diferentes sexos”, comenta a cabeleireira (Foto: Zeca Santos)

Steve Hung pensa que o Netuno pediria a deusa das águas para “abençoar a Rio 2016” (Foto: Zeca Santos)

A promoter Marcia Veríssimo crê piamente que o todo poderoso Poseidon lançaria seu grito do amor para Iemanjá: “Oxalá, meu amor! (Foto: Miguel Sá e Bruno Ryfer / Divulgação)

Para o ator Marcos Caruso, Poseidon deveria juntar força com a divindade afro para “abençoar esse país e essa Cidade Maravilhosa com bons augúrios, livrando ambos dos infortúnios dos últimos tempos” (Foto: Zeca Santos)

A multitalentosa Rogéria desenvolve a teoria de que, “se Poseidon é o deus dos mares e Iemanjá a divindade das águas, os dois deveriam se unir para promover uma enxurrada que lavasse o Brasil” (Foto: Miguel Sá e Bruno Ryfer / Divulgação)

Elegantérrimo, José de Abreu gostaria de pensar um pouco mais sobre o assunto: “Isso pode render pano para a manga, ah, rende…”, divaga o vilão Gibson de “A Regra do Jogo” (Foto: Miguel Sá e Bruno Ryfer / Divulgação)

Eliana Pittman é categórica: “Todos os deuses do Olimpo deveriam baixar aqui – não apenas Poseidon – para pedir à nossas entidades que cuidem mais ainda dos brasileiros, que não merecem passar pelo que estão passando hoje. É preciso um tsunami de amor e respeito”, declara a diva (Foto: Zeca Santos)

Ao lado de Adriana Meireles e do sobrinho Alessandro Rey, o beauty artist, apresentador e fotógrafo Fernando Torquatto sugere que Netuno diria a seguinte máxima para a Rainha do Mar: “Você cuida da sua área que eu dou conta da minha!”, brinca (Foto: Miguel Sá e Bruno Ryfer / Divulgação)

Ao lado de Andrea Natal, o agitador cultural e ex-atleta William Vorhees é detentor de elegância nata. E pensa que o Rei dos Mares pediria à Iemanjá “para prover as escolas muitas atividades de atletismo, pois só o esporte promove a educação e possibilita às novas gerações um futuro de verdade” (Foto: Miguel Sá e Bruno Ryfer / Divulgação)

O ator bonitão Tuca Andrada é partidário da turma que pensa que não somente Poseidon, mas qualquer criatura deveria pedir à Iemanjá para iluminar o país a ter mais transparência em todas as esferas: “É preciso bastante luz e fé, mais do que nunca” (Foto: Miguel Sá e Bruno Ryfer / Divulgação)

Ao lado do carnavalesco Mario Borriello, o campeão olímpico Diego Hypolito faz coro com a patota que pede melhores condições para o esporte nacional: “Qualquer ajudinha que venha de cima, inclusive dos deuses, é bem-vinda num momento de crise” (Foto: Zeca Santos)
Confira quem mais passou pelo Olympia Magic Ball 2016 nas fotos de Miguel Sá e Bruno Ryfer (Divulgação) e de Zeca Santos (exclusivas para o ÁS):
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