* Por Alexandre Schnabl

Está decretado: nada substitui o espetáculo. Em carne & osso, presencial, no get together do palco com a plateia. Se, nas artes cênicas, isso já pode ser comprovado, com a volta paulatina do público aos espaços culturais se revelando um antídoto mais eficaz que a experiência digital para a rebordosa pandêmica, na moda uma 52ª edição do SPFW híbrida, conciliando apresentações ao vivo e on-line, deixou claro que, pela qualidade de alguns shows, a emoção está na passarela, e não diante da telinha, pelo mesmo motivo que o streaming jamais alcançará a experiência da tela gigante na sala escura.

Figurinha fácil nos desfiles de Lino Villaventura, Vivianne Orth cumpriu dessa vez a função de diva apoteótica que sacode a passarela bombástica nas apresentações do paraense no SPFW. Não faltaram gritinhos na plateia, reafirmando que o calor do presencial jamais será sublimado por qualquer efeito gráfico audiovisual (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)

Depois de três edições virtuais, o São Paulo Fashion Week voltou ao presencial como manda o novo figurino: sem abrir mão das imposições trazidas pela contingência. Como um Zé do Caixão, que submete a falta de recursos à criatividade e, com isso, inventa um estilo de fazer cinema, o evento transformou defeito em qualidade, mantendo no line-up lançamentos que, por dinheiro curto, escolha ou ambos, optaram pelo modo digital, sem precisar arcar com os altos custos de um espetáculo (ou nem tanto) ao vivo e a cores.

Meio encontrado para se manter de pé durante o auge da pandemia, com a primeira das três edições digitais montada rapidamente, em meados do ano passado, para substituir a presencial que seria oferecida em abril, cancelada no turbilhão de acontecimentos, essa solução abriu espaço para novos criadores que, não fossem as circunstâncias, não encontrariam tão fácil a abertura de portas.

Lenny Niemeyer abraça a modelo Raica Oliveira no final do seu desfile-show no Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Zé Takahashi / Agência Fotosite/ Divulgação)

A crise que se instaurou entre muitas das grandes labels consolidadas, com altíssimo preço a pagar por causa de um borderô que não se fechava com a suspensão do varejo no ápice do isolamento social, foi o passaporte para essas novas grifes (algumas não tão novas assim, como Walério Araújo e Weider Silveiro, que escolheram shows físicos, e Igor Dadona, que flanou no virtual) pudessem ocupar as fileiras de um line-up cambaleante, com baixas sofridas, algumas definitivas, muitas (espero) temporárias. E a isso se somou à predisposição do evento em abraçar o novo, que já andava alguns decibeis acima daquilo que sempre ocorreu, impulsionada pelas rápidas transformações que o mundo vem passando nos últimos anos.

Se a parcela on-line desse formato chamado de Phygital mostrou que essa mescla vai (e merece!) ficar, até porque a realização de um fashion film pode ser bem mais em conta que um bate-e-volta tradicional, essa variedade nas apresentações colabora com a consolidação do caráter plural da semana de moda. Para novos criadores, esse caminho talvez seja a diferença entre mostrar o trabalho ou morrer na praia. Já para os veteranos, o bom e velho desfile continua sendo o caminho mais curto para o encantamento, crucial num fashion ultimate fight tão competitivo. Foi o caso de Lino Villaventura, Apartamento 03, João Pimenta e, sobretudo Lenny Niemeyer, a quem foi confiada a missão de encerrar essa temporada.

Lenny Niemeyer

Na viagem que vai do espaço profundo às profundezas marinhas, Lenny Niemeyer siderou o público, que saiu extasiado de uma das joias raras criadas por Oscar Niemeyer, seu ex-sogro, para revitalizar a orla, do Centro ao Zona Sul de Niteroi. Sublinhadas pelo cenário igualmente minimalista e majestoso – e pela trilha sonora impactante do Gomus -, as modelos, em sua maioria negras, desfilaram as criações que reinterpretaram a jornada de 30 anos da label.

No repertório, mais daquilo que compõem a identidade única da designer, o que não é ruim, pelo contrário: era dupla celebração, pela efeméride e pela volta ao presencial. No radar, formas futuristas, camadas, aplicações origâmicas, volumes ao mesmo tempo fluidos e bem erigidos, referências botânicas, cores sólidas em contraste com aguadas, estampas digitais lisérgico-espaciais. Tudo tão marcante, emocionante e sublime, tão associado ao trabalho da estilista que a gente até esquece algumas coincidências com Iris Van Herpen.

Mariana Calazan foi uma das costumeiras tops que Lenny Niemeyer manteve no desfile, além de um manancial de novos corpos diferentes daqueles normalmente vistos nas apresentações de moda praia (Foto: Zé Takahashi / Agência Fotosite/ Divulgação)

Do espaço sideral ao mergulho no mar, na velocidade warp de Star Trek, qual a última fronteira? No caso de Lenny, que sempre primou por aqueles mulherões de peso, com corpos passarelinescos – como Anna Hickmann, Mariana Weickert, Vanessa Nunes, Camila Espinosa, Flavia Lucini, Fabiana Semprebom ou Barbara Fialho, só pra citar algumas belezuras que compuseram suas fileiras ao longo dos anos -, o paradigma a ser rompido é a diversidade de corpos, coisa que, se vende nas lojas, não é necessariamente a primeira opção no fashion show de uma marca que se associa ao padrão de beleza típico “bond girl”.

Curvas, curvas e mais curvas em porções generosíssimas! Acostumados a conferir as criações de Lenny Niemeyer envergadas por corpitchos dignos da Victoria’s Secret, o público do SPFW recebeu bem a potência da diversidade de corpos na passarela de
Lenny Niemeyer (Foto: Zé Takahashi / Agência Fotosite/ Divulgação)

Bom, a moça conseguiu com louvor: numa temporada na qual todos os desfiles contavam com uma a três plus sizes, Lenny é recordista: ÁS contou sete no catwalk. De uma fonte ouvida, que já trabalhou anos na grife, é notória, dentro de casa, a resistência da santista mais carioca do planeta a abrir espaço para a pluralidade de corpos nos desfiles. Funcionou!

Em foco: o aroma das galas apinhadas de jet-setters, nos anos 1970, deu match certeiro com o revival de África e japonismo da autohomenagem feita pela estilista ao seu percurso. Afinal, como não reconhecer que o apreço pelo multiculturalismo de Yves Saint Laurent – designer-emblema daquela época – não encontraria eco na visão de mundo globalizante da carioca honorária?

“Minha carreira tem um marco: o desfile de 20 anos da Lenny. Foi ali que comecei a crescer na profissão, saindo de um perfil de modelo exótica, com rosto diferente, para o de uma top com corpão”, lembrou ao ÁS Barbara Fialho, que agora desfilou ao lado de Barbara Berger, Daiane Conterato, Raica Oliveira, Gianne Albertoni e Ghisela Hein no squad de beldades clássicas que dividiram a passarela com outras menos usuais no Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Zé Takahashi / Agência Fotosite/ Divulgação)
Lenny Niemeyer / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Zé Takahashi / Agência Fotosite/ Divulgação)
Lenny Niemeyer / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Zé Takahashi / Agência Fotosite/ Divulgação)
Lenny Niemeyer / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Zé Takahashi / Agência Fotosite/ Divulgação)
Lenny Niemeyer / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Zé Takahashi / Agência Fotosite/ Divulgação)

Lino Villaventura

Foi show! A edição do desfile de Lino Villaventura, que começou com looks pretos que foram, aos poucos, saindo de cena para dar espaço ao colorido – amarelo, pêssego, laranja carne, roxo, rosa, vermelho, azul glacial, amarelo lima, marinho, turquesa, azul glacial -, passando por terrosos que semioticamente indicavam a preocupação com o meio-ambiente, foi a bandeira para o público entender o que passa hoje pelas cabeças do criador e sua eterna partner Inez Villavenura, que, visivelmente emocionada (como ele), dessa vez dividiu com o designer a entrada final num dos mais impactantes abraços dessa temporada.

Lino Villaventura / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)

Está claro: após o tenebroso inverno atômico causado por um trio mais devastador que os quatro cavaleiros do apocalipse – pandemia, recessão e radicalismo obtuso bolsonarista – é hora de sair das sombras abraçando a luz como se não houvesse amanhã, de preferência em clima de Les Annés Folles.

A dança tresloucada de Vivi Orth , mais descalça que Ava Gardner num certo clássico de Hollywood, é reflexo desse sentimento de libertação. Aliás, do desejo de libertação. As peças com textura de casca desgrudando, meio craquelê (que lindas!) e os peitos desnudados revelam a vontade de arrancar a pele para viver algo novo, diferente das angústias pandêmicas e das incertezas econômicas desse período.

Usado pelo modelo e personalidade Nick Parker, do país africano Camarões, o casaco impermeável amarelo abriu o desfile, antecedendo a série de peças em preto, no desfile de Lino Villaventura no Festival SPFW + Regeneração (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)

Nesse “venha para a luz, Carol Ann”, Lino não mediu esforços, depois de passar quase dois anos segurando as pontas. Explica-se: com o isolamento social, os rega-bofes, cerimônias e red carpets deram um tempo, e isso é fatal para qualquer label que viva de festar, ou melhor, de clientes das altas rodas cuja diversão é o bafão da gala. Nesse meio tempo, Lino fez de tudo, de por para jogo as máscaras de proteção mais bonitas do pedaço a liquidar a preços inacreditáveis peças icônicas, de lançar de almofadas a perfumes. Ofereceu belos itens em malha de viscose, com nervuras em coral e verde limão, a valores módicos. Fez collab de joias. Encontrou tempo para arrecadar toneladas de mantimentos para moradores de comunidades carentes da periferia de Fortaleza, em estado de vulnerabilidade. E, como se não bastasse, sobreviveu numa era em que tantos penduraram as chuteiras. Feito e ano, além de reflexo da veia tinhosa e resiliente do moço.

Embora Lino não tenha abordado a atmosfera twenties diretamente, ela sempre é presença subliminar na sua obra, assim como o exotismo orientalista, a estética da Secessão Vienense (hello, Klimt) e a elegância decadentista do fin-du-siècle. Daí que o flerte com o Oriente foi pontual, assim como um certo punch de nomadismo. E nem podemos dizer que os quimonos desfilados vêm na marola do comfywear, porque não é de hoje que o estilista surfa nessa onda, se divertindo com eles nas coleções. No final, Lino não perdeu tempo: já disponibilizou os looks no seu e-commerce. No fundo, é sobre sobreviver.

Vivianne Orth foi a Marina Dias da vez, que também esteve no desfile de Lino Villaventura no Festival SPFW + Regeneração (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)

Lino Villaventura / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Lino Villaventura / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Lino Villaventura / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Lino Villaventura / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Lino Villaventura / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Lino Villaventura / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)

Apartamento 03

A label do talentoso Luiz Claudio já é carro-chefe do SPFW faz tempo, por conta de coleções tão poderosas que já foram até pano de fundo para narrativa de novela que trazia estilista de sucesso na pele de Gloria Pires. A Apartamento 03 realmente abusa do mojo. E pode. Dessa vez, os looks em branco, preto e flúor exalaram o périplo do mineiro (negro que sobrepôs barreiras) acerca de questões tão caras quanto a alfaiataria preciosa: o empoderamento racial, a inclusão, a preservação da natureza, um quê de sincretismo religioso condensado na montação obaluaê de Camila de Lucas, no final, e dos acessórios em ráfia. Coisas que estão na moda, usadas indiscriminadamente por qualquer um que se aventure pelo caminho fácil da lacração via palanque das pautas de agenda, mas que, no caso da label, é genuíno e sincero.

A escolha de um all black cast, por exemplo, não parece tentativa de engrupir formadores de opinião, criando empatia midiática, mas política que deixaria Malcolm X e seus Panteras Negras orgulhosos.

Apartamento 03 / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)

Com um mérito: Luis não cede a tribalismos da hora, não se rende ao rolê de criações que, de tanto flertar com o étnico, deveria estar em museu antropológico, não na passarela. O rapaz panfleta criando roupas de elite atemporais, seguindo a trilha aberta um dia pela Maria Bonita, Huis Clos, Andrea Saleto, Equilibrium, Renato Loureiro, Sonia Pinto, Mara Mac e Gregorio Faganello, mas com identidade própria. Ele representa a continuidade desse zeitgeist contemporâneo, todo trabalhado no chiquê clean. E, com isso, só arrebanha clientela cool, inclusive aquela parcela de consumidoras cuja visão de mundo ele critica nas entrelinhas de suas apresentações.

Apartamento 03 / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)

Na rota, destaque para as brincadeiras de positivo e negativo, os prints e bordados com tipologia, as lapelas mais geniais da temporada, os brincos de Carlos Pena, a música africana, as amarrações e nós que remetem às técnicas ancestrais africanas, onde não havia costura. Ainda para a sacação de styling do Daniel Ueda, que incorporou plantas às montagens ou as transformou em tops, além do look de alfaiataria trançado em palha, coisa fina e dificílima de executar. E, até agora, o melhor resultado da estação quanto a um azul hortênsia quase lavanda. Não é pouca coisa.

Apartamento 03 / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Apartamento 03 / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Apartamento 03 / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Apartamento 03 / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Apartamento 03 / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Apartamento 03 / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
Apartamento 03 / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)

João Pimenta

Uma coleção do João é pimenta nos olhos. Chega a doer a vista, de tão bonita. Mais uma vez, o designer de moda masculina reiterou, sem precisar dizer sequer uma palavra, mas na potência de suas construções imagéticas, aquilo que o filósofo francês Guy Debord pretendeu afirmar quando escreveu, no final dos anos 1960, “A sociedade do espetáculo“. Sim, ela continua valendo nesses tempos de ruptura pós-modernos, pós-vacina e pós-quebra de paradigmas, quando até a sociedade do consumo já virou outra coisa.

A começar pela fabulosa maquiagem de caracterização encarregada ao performer e beauty artist Alma Negrot, que verteu os modelos na intercessão entre o demoníaco e o alienígena, esbarrando no visual de “Star Trek“, João Pimenta faz mesmo o diabo quando reinterpreta a silhueta do homem.

João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)

As sobreposições e questionamentos daquilo que seria masculino continuam presentes no seu radar, assim como a desconstrução de gênero a partir da releitura do tradicional vestuário burguês, na subversão pelo viés mainstream de altíssimo nível que é sua alfaiataria. Até aí, nada de novo no front, só fidelidade à uma visão de moda. Mas, no frigir dos ovos, que show se manter sempre coerente ao próprio olhar, continuando a causar espanto com direito a envolvente encenação, regida por um encantamento jeitinho Disney de ser!

Com cartela plena de neutros, ele agora aposta em peças que valorizaram lapelas (hitão da temporada, olha elas aí de novo!), nos shapes amplos, malhas piquê e um pied-de-poule sensacional, investindo bonito na combinação do moletom sobre o príncipe de gales. E ainda sobra um tempinho para o moço fazer, com todo o empenho, a apologia ao matelassado. Bingo, João é mesmo de outro mundo!

João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)
João Pimenta / Festival SPFW + Regeneração (N52) (Foto: Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite/ Divulgação)

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