Maior e em nova casa (os armazéns do Píer Mauá), o Veste Rio se consolidou definitivamente nesta terceira edição como um importante salão de negócios para a moda nacional, com expositores celebrando o aumento de visibilidade e vendas. E, na passarela, alguns novatos se revelaram interessantes apostas cujos trabalhos merecem ser conferidos de pertinho. É o caso do alagoano Lucas Barros, que faz uma moda que pode agradar em cheio àquelas mulheres que buscam um estilo mais cerebral, mas que não abdicam da sensualidade. Elas jamais descem na boquinha da garrafa, mas curtem se sentir sexies, sem exageros, por que não? Impressiona sua roupa bem-acabada, na qual a modelagem plena de bossa é suporte para estampas impactantes.
Natural de Paulo Jacinto, no interior de Alagoas e graduado em arquitetura e urbanismo, o moço vem daquela cepa de criadores do Nordeste que nada têm de regionais, primando por criações contemporâneas que podem tranquilamente ocupar as araras de qualquer multimarcas japa. Tipo Melk-Zda. Seu apreço pela construção, herdado da formação acadêmica que nunca exerceu, é visível na maneira como encara dobraduras e elabora a modelagem plena de detalhes, com ênfase na assimetria. Belezura.
Sobre suportes lisos, ele ainda brinca com estampas corridas, dá vazão a moulages, valoriza os barrados de saias cheias de pontas – de comprimento indefinido –, e imprime localizados sobre tyvek, como se fossem experimentos de artista plástico que usa a xerox como recurso gráfico. E, se os tecidos empapelados deixam na dúvida se a coleção é de verão ou inverno, Lucas esclarece a questão com vestidos de alcinhas fininhas, braços de fora e camisas em tricoline branca revisitadas. Tudo com repuxados e desconstruções que prometem se tornar sua marca.

Criadas em parceria com a Selo, as mules com e sem salto do desfile de Lucas Barros custam R$ 650 e serão comercializadas apenas sob encomenda, nas cores preto e off-white (Foto: Divulgação)
Em outra pegada, a Haight já tinha sido vista no Salão Bossa Nova em 2015. Vindo da equipe de estilo da Aüslander, a carioca Marcella Franklin curte misturar materiais como tricô e malha creponada, fazendo moda praia de primeiríssima naquela direção de quem aposta num beachwear sexy que foge a obviedade. A mulher da grife é sensual porque é forte, e não porque expõe desnecessariamente o corpo.
A Haight aposta no minimalismo, nas formas futuristas e em recortes que formam grafismos. Os maiôs e hot pants com listras orgânicas, em espessuras variadas, poderiam se tornar hits da estação se o Brasil não fosse o epicentro mundial das popozudas. Destaque para os jogos de cores lindos de doer!
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