*Por Andrey Costa
A música de Caetano cai como uma luva: alguma coisa está fora de ordem. No caso da moda, trata-se de uma ressaca que pode se resumir a uma pergunta: lucrar ou lacrar? Bem, aqui no Brasil a Oficina Muda pretende brincar sério com o propósito de fazer moda de um jeito diferente, se baseando no upcycling sem abrir mão das tendencinhas que facilmente se convertem em hits de venda. Os sócios Larissa Greven e Luiz Eduardo Lyra, a brand destaca a promoção da economia circular no mundo da moda através da gestão de produtos fora do padrão de qualidade ou obsoletos, do tipo que poderia ser descartado.
Todo o processo se baseia na aplicação de técnicas de upcycling de forma inovadora e criativa, com o objetivo de reduzir os danos ambientais do setor e impactar positivamente o comportamento, tanto das marcas como dos consumidores, além de conversar de perto com as pautas trazidas pelas semanas de moda durante a pandemia. Se em NY, Londres, Milão e Paris tivemos etiquetas revistando o acervo e reaproveitando tecidos, nada mais justo do que darmos atenção a uma multimarcas que desde 2016 flerta com o zeitgeist da moda atual.

Larissa explica: “O processo de ressignificação começa com a chegada das peças, onde é definido e analisado de forma individualizada o tipo de conserto e modificação que será feito. Depois, vêm as partes de lavanderia, tinturaria e costura. Entre botões e agulhas, as peças se renovam, recomeçando um novo ciclo de vida”.
O próximo passo envolve o processo de precificação das peças, em média 50% mais baratas que as peças originais, posteriormente envidas para as lojas físicas e online. “Aumentamos o tempo de vida útil da peça em prol de um futuro mais sustentável”, completa Larissa.
Com mais de 250 mil peças já ressignificadas desde o início- o que corresponde a cerca de 60 toneladas de tecidos que deixaram de ser descartados -,a meta da Oficina Muda é retrabalhar, em 2021, em torno de 12 mil peças/mês, além da mesma quantidade de novas peças, que a princípio deixaram de ser produzidas. E o repertório não para por aqui, já que a multimarcas tem como parceiros grifes como: Farm, Cantão, Animale, Dress to, Maria Filó, Agilità, Redley, Loja Três, A Teen, Love Dress, CCM e Sardina.

Com três lojas físicas (uma conceito em Laranjeiras, no Rio), a Oficina Muda está em processo de expansão: inaugura nova loja em Copacabana em agora novembro. A multimarcas tem um ponto fixo também no terceiro andar da Casa Farm, em Ipanema.
Lançado em maio desse ano, o e-commerce,já representa aproximadamente 20% das vendas. “Nesse ano, mudamos nosso centro de processamento e distribuição e contratamos 25 novos colaboradores. Até o final do ano estaremos certificados pela ABVTEX”, diz Luis Lyra. Para 2022, a meta é ter nova base de marcas parceiras com propósitos, iniciar as operações em São Paulo ainda no primeiro semestre e abrir duas lojas novas no Rio de Janeiro. Alguém dúvida do sucesso que vem pela frente?


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