Expoente do grafite carioca, o artista urbano Carlos Esquivel – a.k.a. Acme – é conhecido dentro e fora do Brasil não só pelos rabiscos, mas também pelas esculturas e restaurações. Agora, o moço está em cartaz com Ressignificação“, expo bacanuda no Galpão das Artes Urbanas da Comlurb, na Gávea, Rio, que vai até agosto.

Acme posa diante de uma de suas obras: grafiteiro que é precursor do movimento no Rio ganha mostra no Galpão das Artes (Foto: Reprodução)

A partir de uma reprodução de um quadro de Pablo Picasso, Acme concebeu “Paul”, uma das pinturas em exibição no Galpão das Artes, no Rio (Foto: Divulgação)

“Superar”, de Acme, une pintura e ressignificação de objetos num resultado híbrido (Foto: Divulgação)

Em exibição na Sala Contemporânea do espaço, são 15 esculturas criadas a partir de entulhos e barracos destruídos nas comunidades do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho – encravada entre  Copacabana e Ipanema, onde Acme mora com a esposa –, fazendo a ponte criativa entre o morro e o asfalto. Para essas criações, ele usou pedaços de bike, catracas velhas, panelas, canecas, botijões de gás e até pás para transformar o descarte em arte.

No Galpão das Artes, Rio: com “Lumi Ele”, Acme recicla objetos descartados no lixo urbano carioca e faz do material recolhido arte-conceito (Foto: Divulgação)

“Catrina“: ao interferir sobre objetos cotidianos num processo de reciclagem, Carlos Esquivel, o Acme, reinterpreta a entidade mexicana que representa a morte (Foto: Divulgação)

E o agito não para por aí: na Galeria II do Galpão, estão à mostra seis quadros seus, de 1,50m x 1,50m em técnica de pintura mista sobre tela. Para fechar, fazem parte dessa ampla mostra do artista os badalados Trenzinho e a Baleia de Jonas“, obra interativa que foi exposta no Boulevard Olímpico durante a Rio 2016.

“Baleia de Jonas“: entre tantas obras exibidas no recém-inaugurado Boulevard Olímpico, a instalação de Acme, na verdade um balanço, foi vedete da Rio 2016 ao lado de outra obra sua exposta no mesmo local, um painel. “É uma baleia cachalote, que tem um ‘caixote’ na barriga para trazer a lembrança da história do profeta Jonas no balanço do mar. Caixote é um nome antigo que as pessoas davam as casas nas favelas, que eram improvisadas com caixotes de feira. A baleia também foi um abrigo para o profeta Jonas quando ele tentou fugir do seu chamado perante Deus, e agora, ela está aí simulando o balanço do ventre”, filosofou o artista na época (Foto: Divulgação)

No entre o cotidiano da favela e o turbilhão de impressões que traz das constantes trocas pelo mundo, Acme insiste em se manter no morro e de lá não arreda pé, perseguindo o objetivo de implantar uma cultura de acesso entre os moradores da favela e das ruas pavimentadas. Se considera um “artivista” urbano, neologismo que acaba dizendo tudo. Entre várias iniciativas, o carioca, que foi engraxate na infância e vendia boilo na rpaia durante a adolescência, é um dos fundadores do Museu da Favela, concebeu e coordena o Circuito das Casas elas e é curador artístico de grafite da GaleRioPlataforma de Arte Urbana Oficial da Prefeitura do Rio, que segue na contramão de Sampa, que prefere apagar os vestígios da arte de rua com toneladas de tinta cinza.

Inaugurado em 2002, o Galpão das Artes Helio G. Pellegrino incentiva artistas, profissionais e cidadãos à prática da reciclagem dos resíduos urbanos produzidos ininterruptamente.

Acme e a fábrica de sucata: em seu ateliê, o artista cria e elabora objetos a partir de dejetos urbanos, uma de suas vertentes criativas ao lado do grafite (Foto: Reprodução)

Serviço:

Exposição “Ressignificação”

Galpão das Artes Urbanas Helio G. Pellegrino/Comlurb

Rua Padre Leonel Franca s/n – Gávea (em frente ao Planetário) – Rio de Janeiro

Tel:  (21) 3890-4962

Até 11/8

De segunda a sexta-feira, das 9h às 17h

galpaodasartes@gmail.com

Deixe seu comentário

Seu email não será publicado.