*Por Andrey Costa  

“A kiss in your hand may be quite continental!”. Marilyn Monroe e Jane Russell já bradavam no clássico das telas Os homens preferem as loiras (Gentlemen prefer blondes, 1956): Os diamantes são os melhores amigos de uma garota”. Pois bem, para o jewel designer Marcelo Novaes  – 25 anos na H. Stern à frente das linhas assinadas por celebridades como Costanza Pascolato, Diane Von Furstenberg, Carlinhos Brown e os Irmãos Campana – a máxima da loura-mór do cinema e de sua amiga peituda se aplica perfeitamente aos rapazes: “Homem curte um brilhinho, mas não dá ponto sem nó, nem admite. Basta um brilhante negro para quebrar a resistência, dar aquele toque de masculinidade na joia e voilà! As portas se abrem como caverna de Aladim”, conta o rapaz agora em carreir solo, que em suas andanças pelo mundo conheceu todo tipo de consumidor, dos metrossexuais que curtem arrematar um mocassim na Via Della Spiga aos lobos machões da verve que enverga RayBan espelhado de Chuck Norris, passando pela turma amiga que frequenta os badalos turbinados do verão grego.

Hábito faz o monge. Diga-se de passagem, um monge nada monástico: Marcelo Novaes usa as próprias peças da coleção “Black Star”, lançadas recentemente no Casa Cor 2016 (Foto: Divulgação)

Nesta edição do Joia da Casa, no Casa Cor Rio, Marcelo fez a alegria de quem não dispensa um badulaque nas altas rodas: mostrou sua primeira coleção –Black Star -, usando prata com banho de ródio em aneis, pulseiras e cordões de dar água na boca. Em especial, ÁS amou os aneis de carteirinha. Resultado: o designer fez uma coleção linda de morrer, que pode agradar até ao mais empedernido latin lover. “Lá fora homem usa joia direto. Aqui no Brasil, nem sempre curte se enfeitar, exceto os bem-nascidos, que sabem das coisas. Ou os modernos, No fundo, homão curte, mas teme…”, entrega o moço.

Marcelo usa a percepção de quem já rodou o mundo – “Quando estava com a cabeça muito cheia, tirava umas licenças sabáticas e ia para Londres fazer um curso na Saint Martin’s e refrigerar o cerebelo nos badalos”, confessa fervido – aliada a um trabalho de pesquisa seríssimo, de ponta: “Sente a leveza das peças, que são ocas por dentro. Olha esse acabamento nas arestas, coisa de impressora 3D”, se gaba com razão, ressaltando o esmero na finalização manual de cada item, que da produção vai direto para as mãos dos ourives.

“É esse cuidado com o detalhamento e leveza que procuro acentuar na coleção, aliado ao design”, completa fazendo questão de destacar um aspecto que faz toda a diferença: “Mesmo ocas, as joias tem paredes de 1 a 2mm de espessura”. Joinha!

Espirais da moda: anel da coleção Black Star, de Marcelo Novaes, que traz dois diamantes negros um peça com design espiral inspirado na natureza e na passagem do tempo (Foto: Divulgação)

O designer, que também inclui quartzo negro em alguns itens, afirma se inspirar na arquitetura paulista, na natureza carioca e em civilizações antigas ao redor do globo. Okay. Mas não é só isso.  Quem conhece Marcelo sabe que ele vai além da geografia e história da arte em peças como o anel “Faces”, cujo relevo é influenciado pelo cubismo, ou pelo déco das pulseiras que mesclam prata com tiras de couro.

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A pulseira Decô em prata com fecho de imã é uma das peças mais interessantes e sofisticadas da coleção. (Foto: Divulgação)

Frequentador da noite, o rapaz já batia ponto em lugares arretados de um Rio que já não existe mais, como o icônico Crepúsculo de Cubatão, inferninho pop oitentista cravado no miolão de Copa e frequentado por gente que usava preto no Rio 40º, dançando virada para a parede.

Nessa época, os borderlines da material girl Madonna eram proibidíssimos por lá e a turma só curtia mesmo saracotear na pista ao som de nomes que hoje parecem estranhos, como Echo and The Bunnymen, Bauhaus, Cocteau Twins e Sisters of Mercy.  Marcelo vem dessa estirpe. Daí seu trabalho que mistura mainstream e underground, high e low, Londres e Nova York . Vale cada grama.

Anéis da coleção Faces brincam com o efeito claro-escuro causado pelo banho de rodium nas peças. (Foto: Divulgação)

Nos colares Silver Star, uma imponente estrela de prata carrega um belíssimo quartzo-negro de ponta pra cima em corte princess, explorando todas as possibilidades que o design de alta qualidade proporciona. O colar Army é inspirado nas placas militares e traz talhado um asterisco, o logo da marca que representa o Universo em expansão. Sem dúvidas são joias para serem envergadas por homens de atitude (Foto: Divulgação)

Colares Army (centro) e Silver Star (à esq. e dir.) (Foto: Divulgação)

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