*Por Andrey Costa

Puro Kinder Ovo. A 8ª edição do Veste Rio é assim: surpresinha repleta de delicinhas. Depois de alguns ajustes no calendário, a principal plataforma de moda carioca termina neste Dia das Crianças (12/10) deixando fashionistas com aquele jeitão de petizada: lambendo os beiços, fazendo malcriação para a mamãe, batendo pezinho, querendo porque quer. Quer o quê? Boia de patinho? O último RPG? Rollerblade? Uma Barbie, bonequinho articulado de um Coringa para adultos? Nadica, amor. Brinquedo do povo da moda é roupa. Bom, além das pechinchas do Outlet, óbvio, valeu conferir as novidades do Salão de Negócios que, mesmo antecipando o fino da bossa do próximo inverno, veio em total flerte com as principais tendências de verão 2020/21 vistas nas passarelas das semanas de moda de Nova York, Londres, Milão e Paris. The Flash é pouco! Neste sambão fashion, ÁS aproveita para listar algumas irresistíveis gostosuras travessas que, ao que parece, devem transcender temporadas, num loopingzinho basiquete, indo para a frente (primavera-verão 2021) e voltando (inverno 2020) que nem ioiô. Confira abaixo o nosso Top 10 do Veste Rio.

8ª edição do Veste Rio (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

1.#ESTAMPAS ÉTNICAS E VOLUMES

Com um sorrisão arrasa-quarteirão, a estilista Lia Maria dos Santos de Deus é protegida pelos céus até no nome, por isso é segura, do tipo que faz sala como ninguém. Ilê-ayê. Destaque no desfile do projeto Novos Talentos, que ocorre desde a 2ª edição do Veste Rio, a brasiliense à frente da Diaspora009 recebe o ÁS com aquele abraçaço no estande da marca. Também pudera! Não dava para conhecê-la sem de cara já ir perguntando: “Que desfile foi aquele de ontem, hein, moça?”. Em agradecimento ao prestígio, a moça solta o verbo, conta que faz moda-panfleto. “O importante é a mensagem”, desfia seu rosário. Fato. No que tange ao tal empoderamento do corpo negro e suas raízes africanas, as matizes pulsam nas peças, vendidas pelo Instagram. Neste diálogo fashion sincero com um tema tão sério, tratado tantas vezes apenas como vitrine para likes, a designer mostra que não é biscoiteira: rola fubá nas suas coleções, iorubá no seu estilo. Lia revela que, além de criar suas estampas, escolhe tecidos a dedo, como um dos que compõe a coleção, de origem senegalesa. A coleção “I.am.in” explode em cores e formas naquilo que se espera da Mama África. Mesmo assim, traz para a contemporaneidade a identidade de moda da marca, renovando aqueles tecidos em algodão encerado que a gente encontra por aí, na mão de imigrantes africanos, com formas inesperadas, modelagens caprichadas. É destaque da temporada. “São volumes que fazem a roupa criar vida, acentuados pelas cores escolhidas”, arremata a estilista.

Lia Maria da Diaspora009 é destaque dentre os estilistas do projeto Novos Talentos do Veste Rio (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

2.#BEACHWEAR DELUXE

Nessa temporada, todo mundo quer uma peça bem cortada e cheia de artesanias para chamar de sua, certo? Para o Veste Rio a Falesia Carioca, marca carioquíssima de moda praia, criada pela estilista Jessica Kurlbaum, lançou mão de uma coleção voltada para esse perfil de consumo: peças confortáveis, chiques e atemporais para envergar na praia, resort, balneário ou em qualquer outro lugar do globo: biquínis, maiôs, saídas, saias, quimonos. As bem-nascidas agradecem, rodopiam, se lambuzam.

Jessica Kurlbaum da Falesia (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

3.#TRAMAS E MODA VEGANA

Trinca de ases na família. Ases sustentáveis. Marinela Carvalho, junto com os filhos Manoela e Adriano, são fechamento ecológico. Pura consciência de moda, porque é em casa que se começa a aprender! Hellooo, Papa Francisco e seu sínodo da Amazônia: as bolsas da marca chamam atenção de longe, não apenas pelas modelagens versáteis, em cor, design e em tamanhos variados, mas pelo delicado trabalho de tramas em couro, oriundo de curtumes brasileiros certificados que seguem padrões de tingimento e destino correto de resíduos. Sem dejetos, amor. Com esses atributos, a label fez do estande do Sebrae um ponto de parada obrigatória. Afinal, estamos falando de uma temporada em que a pauta sustentável ganha cada vez mais relevância, vide a Semana de Moda de Londres, que primou pela sustentabilidade, upcycling e economia circular. Ganha o Rio: a marca fica em Copacabana. Mas saem no lucro também o mundo e nós todos, afinal o bonde do bem na moda só aumenta.

Manoela Carvalho da Marinela Carvalho na 8ªedição do Veste Rio (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

4.#ALTA JOALHERIA

No setor de joias, o mais tilintante do evento, Victor Iglesias (nada a ver com Julio, Enrique e família) é prata da casa, apesar de nascido em Madri, Espanha. O hispano-brasileiro foi o responsável pelas joias de medidas e acabamentos impecáveis usadas pelas modelos no desfile dos Novos Talentos e também expostas no estande da Firjan SENAI, patrocinadora do Veste Rio. Mas não é só isso, o moço participou do campeonato de profissões WorldSkills 2019, na Rússia, na categoria joalheria, levando para casa o 9º lugar: “Na competição, havia um desafio dividido em partes. Nele eu tive a oportunidade de criar uma peça cujo tema foi surpresa. Antes do convite do SENAI para representar o Brasil, eu estava afastado. Mas queria voltar a fazer isso, sentia falta”, confessa ao ÁS esse rapaz que com apenas 20 anos já passou pela H.Stern e é uma das promessas no ramo.

Victor Iglesias na 8ª edição do Veste Rio (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

No espaço da Firjan SENAI no Veste Rio, as joias mais modernas e conceituais de Victor Iglesias impressionaram o público (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

5.#ACESSÓRIOS ARTESANAIS

Vivetta, temos visita! Assim com a label italiana que nesta última temporada brincou com chapéus e bolsas irreverentes, as bolsas e chapéus artesanais da Pernambucana da Gema desmitificam a teoria de que a elegância no trabalho em palha é problema. Nada a ver. Tanto funciona que, além da matéria prima obtida e manuseada em Pernambuco, a marca faz um mix tendência de qualidade e versatilidade com outros materiais nessa arte de criar moda artesanal. Para a temporada de inverno, as peças mesclam o uso de tweed nos chapéus e renda de bilros na bolsas. Luxeria.

Pernambucana da Gema: Vera Besteiro não faz besteira, só moda boa, além de pose e close com ar de mistério, durante a 8ª edição do Veste Rio (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

6.#ANIMALPRINT

É tipo documentário africano no Discovery: trend sempre requentada nas passarelas, a tirar pela Versace que andou soltando as feras na última semana de moda de Milão, o animal print ainda rende bons caldos. Para o inverno 2020 da Eva, só vai dar ele. Grwwwr!

Leopardos em riste: a oncinha pegou fogo na Eva, durante a 8ª edição do Veste Rio (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

7.#PADRONAGENS E MONOCROMIA

Assim como a nova coleção de verão da Fendi, o inverno de Viviane Furrier vai ser aquecido: a brincadeira de misturar padronagens como o xadrez e listras é ponto altíssimo. Além de se jogar na monocromia, nos lisos, a marca ousa em padronagens sobrepostas em total look. Do casaco ao cinto, da blusinha ao calçado, no sapatinho, a dica é experimentar a padronização no melhor sentido, é claro…

Da cabeça aos pés: Viviane Furrier apostou no maxi tema de corpo inteiro durante a 8ª edição do Veste Rio (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

8.#TONS TERROSOS

Surfando na onda, ou melhor, na tempestade de areia monocromática, os terrosos da Haes prometem seguir pululando no inverno 2020. Mas vale mexer na composição, brincar de Pantone mesmo: a proposta da marca vai das estampas às texturas.

Terra brasilis: a Haes investiu nos marrons durante a 8ª edição do Veste Rio (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

9.#ACESSÓRIOS SUSTENTÁVEIS

Está cansadinho(a) de uma moda vazia, sem propósito? Há Cura, meu bem! Essa é outra marca que bate um papo-cabeça com aquele consumidor atento, ligadão, sem oba-obismo, que não se deixa enganar por um discurso-balela de preservação para deixar o design de lado. É sapato e bolsa-close certo para dar um up fashionista em qualquer comprador desanimado! O trabalho da designer Raissa Colela faz gracinha com estampas e formas, vai do calçadão da praia a um festival de música.

Cura, marca que compõe o coletivo Carandaí 25, na 8ª edição do Veste Rio (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

10.#BAILEDAVOGUENORIO

Rema, rema, rema, remador! Se esse Rio não virar, olê, olê, olá, eu chego lá! Foi nesse clima que foi divulgada, nesta edição do Veste Rio, a notícia: o Baile da Vogue vai mudar de endereço em 2020. Vem para o Copacabana Palace no próximo dia 7 de fevereiro. Verborrágica como uma Chiquita Bacana, tão animada quanto a cabeleira do Zezé e chegadíssima a um alalaô, a diretora geral das edições Globo Condé Nast Daniela Falcão soltou seu grito de guerra (“Olha a Vogue aí, geeeeente!”), mas hasteou a bandeira branca, amor: “Eu não sei guardar segredo, então já falei para metade das pessoas que estão aqui. O Baile da Vogue é a nossa maior propriedade, muito desejado. Foram 15 anos em São Paulo. Então, acho que fechamos um ciclo. Dentro de uma política geral do Grupo Globo de tentar fomentar a economia carioca e retribuir tudo o que nós sugamos da cidade, seja nos editorias de moda ou nas matérias mesmo – já que temos até uma edição em homenagem ao Rio todo novembro -, a gente quer traz esse agito para cá, berço do Carnaval no Brasil”.

O anúncio vai ao encontro da intenção de fazer o Baile se reposicionar, após perder terreno por conta de um evento particular de uma ex-diretora da redação que acabou respingando no suor & ouriço chancelado pela publicação (leia mais aqui e aqui). Agora, a Cidade Maravilha se faz argumento para deixar de lado, de vez, estas águas passadas. Ainda bem. No que depender do Rio de Janeiro, o ziriguidum fashion está garantido.

Bloco da Vogue/ELA ou Unidas do Condé Nast? Da esquerda para a direita, Patricia Tremblais, Marina Caruso, Daniela Falcão, Paula Merlo e Vivian Sotocórno revelam a novidade sobre o Baile da Vogue no Rio, durante a 8ª edição do Veste Rio (Foto: Andrey Costa para Ás na Manga)

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