Se há um nome na moda que pode sintetizar o desejo de festa, esse nome pode ser Anthony Vaccarello. Desde que assumiu a direção criativa da Saint Laurent, o estilista vem embalando o clientela com essa atmosfera boêmia e chique, que cruza uma fugaz linha tênue capaz de nos fazer esquecer, por segundos, que quem mais se diverte nesse jogo fashion é o próprio diretor criativo. Para esse comecinho de ano, ele elencou nomes de peso do cinema independente: David Cronenberg, Jim Jarmusch, Pedro Almodóvar e Abel Ferrara entre caras e bocas como nunca antes vistos.
Usando looks da coleção de primavera-verão 23, apresentada em julho do ano passado, lá nos bancos de areia de Marraquexe, o quarteto de gênios da “sétima arte” brinca de carão e careta, encara a câmera, faz cena e mostra que, apesar de tudo isso ser uma realização pessoal para o italiano — fã declarado do trabalho dos diretores! —, também é deleite para o público. A aposta comercial de apresentar esses homens, todos para além dos 50 anos, é conexão direta com o consumidor da label francesa, que tem estrada no desafio de romper barreiras de idade e luxo ressignificado. O resultado? Nada mais, nada menos do que essência impregnada na campanha. Confira os cliques de do fotógrafo David Sims, com direção do próprio Vaccarello.

Para quem não sabe, além do espanhol Pedro Almodóvar, os outros diretores também são expoentes do cinema autoral. O canadense David Cronenberg é conhecido pelo horror corporal, com narrativas indigestas que comumente enveredam pela body modification. Sua mais recente produção, “Crimes do Futuro“, andou embrulhando estômagos ano passado. Criador de um cinema visceral, o norte-americano Abel Ferrara consegue dividir o público. Algumas de suas realizações já lhe renderam adjetivos como racista, machista e de fazer apologia à violência e drogas. E o igualmente estadounidense Jim Jarmush tem filmografia marcada pelo baixo orçamento que lhe garante, apesar disso, combustível suficiente para pérolas do cinema independente que lhe valeram a fama de enfant terrible nos anos 1980, com longas-metragens como “Down by law“ (aqui apelidado de Daunbailó) e “Café e cigarros“.




*Por Andrey Costa
Foto destaque: David Sims/ Divulgação
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