Quando, há cerca de um mês e pouco atrás, a organização do Camarote Brahma Nº 1 informou, em primeira mão, que a blaster influenciadora fashionistérrima Silvia Braz seria a musa do espaço este ano, na Sapucaí, ao lado de Sabrina Sato e a âncora e apresentadora Gabriela Prioli, ÁS chegou a acreditar que a escolha seria efeito cascata do carnaval fora de época, depois de dois anos de pandemia. Crazy. Emulando Caetano, pensei com meus botões: “Alguma coisa está fora da nova ordem mundial”, e nem disse nada a ninguém para não parecer Urubulino, o papa-defunto pessimista criado por Chico Anysio. Felizmente, jornalista nem sempre é oráculo, tem direito ao erro. Bastou ver a moça adentrar o camarote, nesta sexta-feira de folia (22/4), posar no backdrop e abrir o sorrisão para entender a tessitura da qual Silvia é forjada: pouco importa seu tipo mignon. Muito menos, se ela é figurinha carimbada no blasê mundinho da moda, no qual, aliás, sobressai numa espontaneidade muito mais trendy. Quando surge em cena, ao vivo e a cores, o filé a passarinho vira um boeuf au bourguignon de sustância. Na gastronomia momesca, se você me entende, a fluminense nascida em Itaperuna, criada em Campos e hoje dando expediente na pauliceia, é acepipe dos bons.

Toda trabalhada no bondage, num lookinho de tirar o fôlego criado pelo stylist Marco Gurgel, em parceria com a Colcci, Silvia prova, nesta entrevista exclusiva, que não faz diferença se a montação for amarração. Quando a personagem é desembaraçada, o papo fluiu solto, na cadência da sua belezura. Tudo lindo.

ÁS manda na lata. Pergunta se ser ícone da avenida é o próximo passo de uma meticulosa estratégia de expansão, após Silvia chegar ao topo da cadeia alimentar das instagramers, numa rota onde, ainda que sem essa intenção, calcinou top models com seus looks do dia, indo parar nas front pages; esturricou estrelas da TV na pole position pelo post de celebrity premium; e arrebentou a hegemonia da informação sobre consumo ao dividir com editoras de moda o papel de pitonisa pronta a, tal qual uma demiúrgica criatura, decretar o que é bola da vez. Seria a sua musice carnavalesca o próximo passo na cadeia evolutiva daquilo que começou há alguns anos atrás, nos tempos em que esse tipo de personagem do qual Silvia se apropriou com categoria, ainda se autodenominava blogueira? A morena não se faz de rogada: “Olha, sempre pensei no carnaval, desde os anos 1980/90. Mas acreditava ser impossível. Hoje, vejo um sonho se concretizando”, afirma, sem deixar claro se tem mesmo o samba no pé. Talvez nem precise, pode ficar de efígie, se for o caso, que está valendo. #egipciamodeon rola.

“Minha musa maior, quando nem sequer vislumbrava poder estar aqui, é Luma de Oliveira. Uma potência que ainda hoje me assombra!”, dispara questionada sobre o próximo passo para conquistar os 24 territórios do jogo de tabuleiro War. “Quero me firmar, cada vez mais, como uma profissional de comunicação. É o que sou. Essa é minha trilha”, revela, deixando transparecer que essa jornada não é de mochileira das galáxias, mas a bordo de uma boa bolsa Prada.   Sobre o segredo para se manter na fogueira de vaidades da Sapucaí sem deixar contaminar pelo ego, Silvia Braz demonstra que a realeza não vem apenas do sangue azul, mas da atitude. Como a Elizabeth II interpretada por Helen Mirren no colossal “A Rainha” (2007), que lhe rendeu o Oscar, a moça parece compartilhar da visão do diretor Stephen Frears sobre a soberana britânica: não está disposta a tornar sua vida uma feira de variedades. “Nada de quermesse. Comigo nada é forçado, creio fielmente na naturalidade. Por isso, por mais que saiba separar minha persona pública da privada, sei administrar as duas em conjunto. Por exemplo, minhas filhas estão aqui no Rio, hospedadas comigo no Fasano”. E é justamente nessa direção que o papo reto acaba, em clima de confessionário de BBB: “Sabe, sou de Campos, terra do chuvisco [doce de gema de ovo, um pecado]. Amo. Tanto o cristalizado quando aquele em calda. Quando vou lá ver minha família, que é toda de lá, mando ver”, finaliza, sem entregar como faz para manter a forma, quando qualquer doce português promove o oposto. Mistério.  

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