Danuza Leão já dizia: “Biba brasileira tem mania de mamãe e Nova York”. Não se sabe o apreço de Walerio Araújo pela Big Apple, mas seu amor pela mãe se fez presente na passarela do São Paulo Fashion Week (SPFW) nesta noite de sexta-feira (12). Ele aproveitou seu próprio aniversário para celebrar com pompa e circunstância sua genitora, Dona Neném, com direito a balões de gás e grupo sertanejo tocando o rebu enquanto a catwalk não começava. Foi momento de valor afetivo e, para quem conhece apenas o Walerio da noite, que veste a turma bafônica, constatar o quanto alguém que é tão transgressor pode ser família é mais que informativo, é educativo. Afinal, em dias em que as construções semióticas de quem mistura evangelho com poder & maracutaia demonizam qualquer um que não se fantasie de mórmon, codificando o que sai da caixinha como antifamília através de uma significação safada, são manifestações festivas como a do estilista que provam que existe muita mais entre o céu e a terra do que supõe a vã filosofia de quem é fã do hambúrguer do Madero e faz comprinhas na Havan.

Dona Neném surgiu na passarela como o cramulhão gosta: em maxi aplicação paetizada, em print localizado, emoldurada no barroco, em cenas do cotidiano retiradas do álbum de família, em estampas na barra do vestido e até em cabeça de boneco, tipo carnaval de Olinda (os Araújo são Pernambucanos). Caçula, o designer não fez por menos: mostrou que aprontava ao homenagear mainha fazendo o diabo com a velha. Entretanto, engana-se quem acredita que somente a verve encapetada do moço deu expediente.

Cobra criada no mundo da moda, o Walerio experiente mandou ver na modelagem dessa coleção luminosa, na qual predominam rosa bebê, amarelo e branco. O rapaz cantou pra subir nos slip dresses, nas blusinhas meio lingerie compostas com saias de barra rendada tipo negligée, na malharia dos looks masculinos, nas 25 cabeças que evocam o universo do dia a dia pernambucano, que também comparece em looks icônicos prontos para dar pinta: o café da manhã do clã se materializa em vestidos, estolas e casquetes de ovo frito – loucura que só quem frita no bafão é capaz de conceber -, além do vestido repolhudo em tule amarela, que reproduz o cuscuz de milho envolvendo Vivi Orth, sem contar com as peças em capitonê rosa bebê ou com imagens digitais de porquinhos que, ao rememorar a pequena criação de porcos Divulgação)o passado, verteram o fashion show em um festival Peppa Pig.

A plateia saiu leve do desfile, como se houvesse assistido algum dos melhores desenhos da Pixar u se refestelado a dar com o pau ao lado de amigos queridos. Assim, Walerio, além de oferecer ao público seu talento, cumpriu outra função social: entre tanto carão demodê nas semanas de moda, não é muito melhor ofertar naturalmente essa contagiante brisa de singela alegria? Que venham mais shows como o dele!
Confira abaixo mais fotos da coleção (Fotos: Fotosite/Divulgação):


























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