Quem acompanha a LED, marca do estilista Célio Dias, desde sua estreia no Minas Trend, conecta facilmente a etiqueta a um jogo de códigos já conhecido a cada estação: cartela de cor power, looks femininos e masculinos sem rótulos, alfaiataria desconstruída, o crochê, handmade 100% brasuca e um tom ácido, moderno e divertido na mesma proporção. Bem, após a celebração dos seus 10 anos de label, agora o mineiro dosa seu costumeiro tom político para militar, neste São Paulo Fashion Week (SPFW) numa seara diferente e um tanto negligenciada por quem tem tanta coisa para resolver no dia a dia, sabe como? Tipo o famoso meme da atriz Luana Piovani, onde ela reclama da quantidade de assuntos importantíssimos para compartilhar nas redes sociais, enquanto ela só queria aparecer bonita de biquíni, o moço também anda mais consciente das suas transformações internas que, por consequência, inebriaram sua nova coleção com a pureza do amor. Ah, o amor!
Maturez criativa para dar e vender, a coleção começou com um look classudo, envergado pela top Bárbara Fialho, e que já alinhavou a série de jeanswear da coleção construída em parceria com a Riachuelo. O melhor de tudo nessa temporada da LED foi conferir bem de pertinho o equilíbrio entre a verve conceitual de Célio com o braço comercial que as marcas precisam abraçar, ainda mais considerando o cenário da moda brasileira, no qual não sucumbir à perda da essência é preço caro a se pagar.
Aliás, a inclusão e outras pautas da nova agenda de comportamento são tão espontâneas para a marca que essa essência brota naturalmente, despertando o tal do desejo de consumo. Coisa de quem entende que não precisamos de mais produtos nos cabides das lojas, mas sim de produtos especiais, que façam sentido, que nos façam comprar com assertividade e afeto. Afinal, roupa também é sobre afeto. E, falando de roupas, a transição do campo de ideias traçado por Célio respingou nelas: a camisaria branca dramática e as moderninhas peças em patchwork de flanela xadrez já estão na wishlist do ÁS, assim como as jaquetas tingidas, os blazers e vestidos estampados com labaredas de fogo e outros prints assanhadinhos, casacos matelassados e macacões em cortes retos lindíssimos.
Na sequência bem pensada, a maturidade do moço ofereceu vestidos colados, algumas peças bordadas e outras confeccionadas num tecido de paetês miudinhos com um efeito tão brilhante quanto a coleção no geral. De quebra, o desfile fechou com seus clássicos looks crochetados (em menor presença que antes) com fios de algodão com seda nos tons off-white, preto, cinza e, claro, o verde-limão-sensação que ele ama brincar, arrematando essa evolução técnica de estilo, cada vez mais segura e corajosa dentro do próprio tema.
Confira abaixo a coleção completa (Fotos: Zé Takahashi/ @agfotosite/ Divulgação):
*Por Andrey Costa
Foto destaque: Zé Takahashi/ @agfotosite/ Divulgação
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