Na esteira construída pelo São Paulo Fashion Week para acentuar a verve inventiva que costuma ser a essência do line-up, projetos como Amni Hot Spot, Sankofa, Estufa e outros já catapultaram talentos únicos, muitos em plena atividade até hoje. Nessa participação do Cria Costura no evento, a união da Inmode, SPFW e Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo, mais a inclusão de nomes como Rita Comparato e Dudu Bertholini, resultou em mais uma coleção plena de experimentações. É coleção em rota para chegar a roupa de gente grande.
Como se tratam de talentos jovens para o mercado, é esperado um olhar fresco, mesmo que guiado e ainda que carecido do pleno domínio de alguns processos. Mas isso vem com tempo. Faz parte da jornada. Mesmo assim, ficou nítido que, em relação ao desfile da temporada passada, bastante demarcado por blocos, houve agora um upgrade. Maturez criativa vinda do duo de enfants terribles Dudu, no styling, e Rita, na direção criativa, que levaram seu repertório de moda ao projeto.

É bom ver o exercício desafiador de propor novas modelagens, mesmo que o efeito prático não seja o foco. Também é bonito o resgate de pinturas, bordados, drapeados, e outras manualidades que são intrínsecas no jeito que criamos e lidamos com a roupa feita no Brasil. Na série inicial do desfile, dava para perceber o dedo de Dudu e Rita – referência dessa moda balneário que invade a cidade desde o comecinho dos anos 2000 – respingando na forma com que as roupas foram construídas, marcada por dourados acobreados com nervuras, plissados e babados que definiram as habilidades técnicas dos alunos do Cria Costura. Opulência sempre bem-vinda.

Falando da metrópole e seu choque com a natureza, as estampas formadas pelas pinturas trouxeram uma flora abstrata, elementos da urbe e outras figuras orgânicas. Tipo um Kandinsky fashion totalmente grafitado. A inteligente mistura de tecidos compondo uma história em camadas funcionou, afinal, quem não tem carência de bons tecidos flanando para lá e pra cá num look? Alinhada às tendências da vez, a marca também rendeu bons balonês, ombros marcados e utilitarismo. Ao som do spiritual “Proud Mary“, na voz de Tina Turner, ou sob os acordes de “Under Pressure”, canção de David Bowie e Queen, o Cria Costura mostrou que não tem medo de desfilar entre nomes grandes e se garante mesmo é na pressão.
Confira abaixo a coleção completa (Fotos: @agfotosite/ Divulgação):


























*Por Andrey Costa
Foto destaque: @agfotosite/ Divulgação
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