*Por Alexandre Schnabl e Lucas Montedonio
Entra temporada e sai temporada de moda, o assunto sempre volta à tona: afinal, homem funciona de saia? Obviamente, semana de lançamentos é prato cheio para esse assunto. Basta assistir na São Paulo Fashion Week ao desfile de João Pimenta, que é pródigo em questionar os limites entre os gêneros inserindo sempre saias em seus desfiles masculinos, ou mesmo o fashion show da Ratier, que apresentou algumas propostas nesse caminho. Mas, nesta 41ª edição do evento, ÁS pode perceber que, pelos corredores da Bienal, o número de modernos neste look aumentou consideravelmente. Por isso mesmo, o portal resolveu investigar perguntar o que leva um homem a aderir a esse visual. Confira!
Léo Begin, 35, é profissional de marketing e marcou presença no espaço da Galeria FFW. Ele diz: “Cara, quando uso saia sinto liberdade! Temos até um projeto de saias masculinas na nossa marca. Mas confesso que considero provocante também. As pessoas olham, isso mexe com os conceitos e eu adoro, é delícinha!” ÁS não se faz de rogado: “E por baixo da saia? O que rola?” O barbudo conta sem vacilar: “Tô de cueca hoje!” ele ri. “Normalmente não uso nada, mas estou trabalhando no evento, está frio, então estou protegido.”
Richie Wigtoski, 22, blogueiro, se sente livre, leve e solto: “É preciso quebrar paradigmas. Se a mulher usa calça, por quê o homem não pode usar saia? É uma maneira de se expressar, é roupa, ué! Chega de limitações de gênero, podemos que usar sim”, gargalha gostoso e vai na lata quando é perguntado sobre o que há debaixo da sua: “Cueca, né! Boxer. Calvin Klein“, revela.
Maicon Veck, 27, é designer e se sente confortável com o uso da peça de vestuário: “Para mim é super normal, não tem nada me apertando e fica tudo tampadinho.” Foi a deixa para ÁS indagar: “Com o quê, moço?”, Ele morre de rir: “Calma, calma. Cueca mesmo. Gosto de conforto…” A gente entende.

Maicon Veck ama conforto e topa qualquer parada: “O amor não tem gênero”, diz a frase da camiseta do designer (Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB)
Dando os primeiros passos na carreira de estilista, David Fiuri, 20, criou a saia do amigo Maicon acima. E ainda confessa ter uma coleção delas maior que acervo de kilts de escocês convicto: “Tenho várias porque me sinto eu mesmo. Visto o que bem entendo e, claro, depende tanto do meu humor quanto daquilo que vou fazer no decorrer deste dia. Roupa é roupa, independente do gênero. E estamos em 2016”. Mas, com todo esse discurso sobre modernidade, ele não entrega o jogo, nem fala o que usa por debaixo: “Ah, é segredinho, monamú”.

David Fiuri usa saia, desenha várias para os amigos e não conta nem por decreto o que é capaz de usar por debaixo de uma (Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB)
Estudante de moda, Lucas Rocha, 21, filosofa no tema: “Hoje em dia, a dinâmica é bem diferente que há anos atrás’, afirma, como se fosse um ancião. “Atualmente, possuímos uma ideia melhor daquilo que é chamado gender fluid. Podemos vestir peças que realmente queremos, não somente aquilo que a sociedade impõe. Por baixo, estou vestindo uma legging e tô de boa.”
Pela área de convivência da Bienal, ÁS encontra mais um designer lindo, leve e solto. Evandro de Almeida, 26, trabalha para a Ellus na área de visual merchandising e entrega sua tensão: “Olha, é a primeira vez que estou experimentando saia em público. Estou até sentindo frio, mas admito que é muito confortável. Espero poder usar em outros lugares da cidade e ficar tão à vontade quanto num evento de moda.” Sua roupa de baixo, peraí, que roupa de baixo? “Seria mais prático não usar nada”, entrega, deixando no ar se está prevenido ou não.

Evandro de Almeida sonha com o dia em que vai usar somente saia, nada mais… (Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB)
Alexandre Teixeira, 46, é diretor de animação, artista plástico e desinibido. Ele confessa: “Comecei a usar saia há pouco tempo e vou te contar: me sento muito bem. E, pelo fato de bancar algo nada comum, sinto uma sensação enorme de empoderamento.” Todo desenvolto, ele se diverte com a outra pergunta: “A ideia é, com o tempo, assumir o tradicional escocês. Mas ainda uso uma boxer por debaixo e hoje, como está essa friaca, estou até de calça”, completa, deixando no ar se realmente acredita que Sean Connery é capaz de sair de saia com o penduricalho à la vonté.
Alexandre Teixeira curte saia com sobreposições e tem opiniões muito prafrentex acerca dos escoceses (Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB)
Cabeleireiro e maquiador, Júnior Martins, 24, é adepto contumaz dessa moda: “Para mim, usar saia é liberdade. É maravilhoso e nada incomoda entre as pernas”, revela, dizendo que a proposta também é ferramenta de autorpromoção: “Sempre causo em qualquer lugar que vou, todos me olham na rua, tenho kilts de várias cores”, discorre, entregando de cara o seu guardarroupa: “Ah, também tenho uma de couro e outra cinza incrível, de spikes. Adoooooro.” E aproveita o ensejo para entregar seu lado Laerte: “Depende do dia, sabe, amor? Se a lua estiver crescente, a gente usa o fio cheiroso. Se estamos na cheia, quem sabe uma rendinha…” diz visivelmente entretido.

Júnior Martins ama saia, faz a linha “desinibida do Grajaú” e admite o crossdressing por debaixo da dita cuja (Foto: Gabriel Barrera/StudioRGB)
Fotógrafo, Eduardo Pinho, 27, trata logo de responder: “É refrescante, principalmente onde moro, no Paraná. É bem quente por lá e, quando embarco nessa onda, me sinto livre como um passarinho”, destaca, sem deixar claro se rola bullying na sua cidade. Por debaixo da sua saia, nada diferente do que ÁS já constatou: “Cueca!” Bom, a preferência quase unânime é mesmo a boxer.
I’m imssreped you should think of something like that