* Por Luciana Costa Barreto

Sucesso maior de “Terra e Paixão“, novela cuja trajetória deixou a desejar, o casal gay Kelvin (Diego Martins) e Ramiro (Amaury Lorenzo) acabou no altar. Realizada no último sábado (13/1), nos Estúdios Globo, a gravação a sequência foi conduzida pelo diretor Felipe Herzog no cenário do pátio do presídio onde Ramiro acabou preso pelos crimes que cometeu. Considerando que a novela terminou pouco mais de dez anos de outra produção escrita pelo mesmo Walcyr Carrasco, a bombástica “Amor à vida” que, entre outros marcos, também trazia outra dupla homoafetiva de muita repercussão – Felix e Niko (Matheus Solano e Tiago Fragoso, respectivamente), responsável por protagonizar o primeiro beijo gay no último capítulo de um folhetim global, houve evolução.

Os últimos momentos de “Terra e Paixão” não só trouxeram vários beijos ardentes de Kelvin e Ramiro, como ainda ofereceram de acepipe extra mais dois outros casais gays: os personagens de Cacá (Igor Angelkorte) e Zezinho (Marcio Tadeu) e de Tadeu (Claudio Gabriel) e Enzo (Rafael Gualandi), inflacionando a atual política de cotas e diversidade que hoje é diretriz na programação da emissora. Melhor assim. Lacrou. ÁS conversou com a figurinista da novela, Paula Carneiro, sobre o processo de confecção dos looks usados no casamento.

Casamento gay em Terra e Paixão é destaque.
Primeira cerimônia de casamento gay em novela, o desenlace os populares Ramiro (Amaury Lorenzo, à esquerda) e Kelvin (Diego Martins, à direita) em “Terra e Paixão” ofuscou o final do casal protagonista vivido por Cauã Reymond e Bárbara Reis. Foto: Divulgação)

“A gente quis confeccionar as duas roupas com o mesmo tecido, como se os dois tivessem ido comprar juntos. O figurino do Ramiro teve um olhar sobre aquele boneco que fica em cima do bolo nos casamentos tradicionais. Ele está todo de branco, com fraque, e brincamos com a faixa de cintura branca e uma gravata comprida no lugar de uma gravata borboleta, como se, pelo olhar dele, de todos os casamentos que frequentou na novela, tivesse usado a gravata que os outros homens costumam usar.”

Paula fala sore o visual de Kelvin: “Ele teve uma pegada diferente. Pensamos em um vestido icônico por ser o primeiro casamento entre dois homens em novela. Quando o público viu o take do personagem de costas, achou que ele estava de vestido e, quando virou, se revelaram o shortinho e o smoking. Mantivemos a identidade do Kelvin ao longo da novela; afinal ele apareceu quase sempre de short, barriga de fora e peito nu”

Detalhes do figurino do personagem Kelvin (Diego Martins). (Foto: Divulgação)

“O tecido quase não tem recorte e vem com uma calda lindíssima, enorme, que causou um grande impacto na cena. Além disso, para a cabeça, fizemos um casquete com voilette, com ideia de véu, e ele usou a bota branca, que o personagem usou bastante também ao longo da trama. As duas roupas foram confeccionadas nos Estúdios Globo, um trabalho primoroso da equipe da confecção”, revela a costume designer.

“Foram muitas pessoas envolvidas. Compramos o tecido em Sampa, a minha equipe de assistentes ajudou na pesquisa. Pegamos referências da alta costura e fomos traduzindo pro olhar do Kelvin. A equipe da costura ajudou a desenvolver e esperamos o capítulo chegar para provar a roupa nos atores, porque não queríamos dar spoiler pro elenco. Foi toda uma semana de confecção após o processo inicial de pesquisa’, finaliza.

Sobre o autor

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Jornalista, stylist e diretor de arte, atuou no varejo de moda antes de se entregar à produção de conteúdo. Seu passado nerd lhe rendeu o programa duplo de sessões de cinema seguidas por madrugas à frente da TV, o que garantiu valiosa cultura pop. Viajou pelo mundo, fez safáris, subiu montanhas, peregrinou por recônditos desertos, desenhou figurinos, criou cenários e concebeu o visual de balés. Mas fez tudo isso sem nunca abrir mão do basfond, dedicando boa parte do tempo em desbravá-lo no circuitão Elizabeth Arden.

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