*Por Andrey Costa
Com os spotlights iluminando a Big Apple antes de o circo da moda rumar à Europa, acaba de terminar neste finde a Semana de Moda de Nova York. Labels veteranas fermentaram as bases para as suas coleções comerciais, repletas dos hits que já estamos vendos ultimamente nas passarelas: muito neon, muito floral, muito volume e muito babado, tudo muito, muito, muito! Reflexo da velocidade da informação turbinada pela internet, é claro. No revival dos 1990/2000, o animal print esteve em todo lugar, assim como as plumas e os metalizados. As mangas bufaram, terninhos ganharam folgas.
Modelos plus size continuam ganhando mais espaço nos desfiles. É notória a tentativa de querer mostrar que a moda precisa ser inclusiva. Assim como rolou de novo, de novo, de novo, modelos tidos “fora do padrão”, o que já vem sendo discutido há um bom tempo. Numa temporada que não teve a veterana Calvin Klein na passarela, brands estrearam no evento, inclusive as brasileiríssimas Rosa Chá e John John, que encontraram equilíbrio na proposta que a NYFW costuma apresentar: as coleções com foco no mainstream. Ruim? Não, bem! Algumas apresentações funcionaram tanto, que a pegada comercial foi só consequência. Por isso, ÁS elege o Top 5 dos destaques da estação 19/20. Confira!
Zimmermann
A marca australiana Zimmermann abre esse Top 5 com uma coleção cheia de história. A estilista Nicky Zimmermann (qualquer semelhança com a brasileira Raquel é mera coincidência, amor) buscou em Nancy Wake (1912-2011), espiã neozelandesa conhecida como o “Rato Branco”, a inspiração para suas peças, que trouxeram um guarda-roupa repaginado em tons terrosos, escuros e pastel para fashionistas mais empolgadas por roupas funcionais. Do cinto-bolsa às misteriosas e charmosíssimas boinas com pecha de Mata Hari (ou Ninotchka), o styling ganha um destaque a parte: laçadas bem pensadas para aquelas “espiãs” modernas que sabem descobrir sozinhas o que é in ou out, além de precisar pegar suas vítimas.
Michael Kors
Os anos 1970 sempre são revisitados pela turminha da moda, não é mesmo? Na verdade, essas releituras da década da calça boca de sino, dos palazzo pijamas e dos sapatos-plataforma costumam ser aguardadas até com certa indiferença. Mas, dessa vez, rolou uma coleção bem resolvidíssima, a ponte com o literal se partiu e nada na catwalk ficou com cara de Bianca Jagger. Tudo bem, até pintou um Barry Manilow cantando ao vivo “Copacabana”. A cafonice é intrínseca, já dizia Regina Guerreiro. No fundo, quem nunca se divertiu com com Manilow, Barry White, A Patotinha, Trio Los Angeles, Harmony Cats?
Pintou o icônico logotipo “Studio 54″ estampado nas peças, tecidos metalizados e cabelos super frisados. Mesmo assim, a construção das roupas se manteve atemporal na Michael Kors. Destaque para a presença impactante da brasileira Carol Trentini, que após essa semana agitada em NY, desembarca na próxima virada de mês no Rio para saracotear no carnaval (veja aqui).
Hugo Boss
Hugo Boss não vem errando ultimamente. Para essa temporada, salpicou tons terrosinhos, neon e pastel na sua alfaiataria de primeira para o outono/inverno 2019/20 envergar elegância. Uma pena o calor do hemisfério sul não permitir usar e abusar dessas sacadas geniais ao misturar couro, linho, tricôs e afins por aí. Mas, a conferida na coleção vale muito a pena. Saindo da bolha chatinha e monótona das coleções masculinas que costumamos ver, o estilo da marca propôs ternos clarinhos, casacos corta-vento delicados em tons fortes e calças de cintura mais alta mais vincadas que um antigo exemplar da Ducal.
Tom Ford
A falsa coleção clean e minimalista de Tom Ford encantou. Sabemos que na virada do milênio, lá estava ele na Gucci agitando uma estética que até hoje espalha resquícios. Aliás, como fazer moda de um jeito tão pessoal que possa ser reinventado? NY viu isso acontecer essa semana com peças de alfaiataria chiquérrimas e vestidos longos arrematados com correntes que fazem a vez de acessório, provando que, nessa busca pela moda do futuro, estilistas que marcaram uma era nem sempre se perdem. Ponto para o Tonzito. ÁS amou ver essa mulher 1990/00 transmutada para o hoje, o aqui e o agora, envergando vestidos-coluna em cetim, tricô em tons de roxo e preto, chapéus de pele sintética e tecidos com pontos de luz que o moço a-do-ra trazer à cena nesse exercício de equilibrar o chique com o sexy.
Marc Jacobs
Queridinho da moda nova-iorquina, Marc Jacobs incorporou o Aquaman e fluiu na maré alta das mexturas, mergulhou nas plumas com florais, marolou em estampas xadrez metalizadas e peles (fake, ok?!). No mar revolto da moda, seu outono/inverno 2019/20 emergiu em grande estilo. Seria até possível traçar aquela tênue linha entre a coleção proposta por Marc e a praia que o estilista italiano Pierpaolo Piccioli anda propondo na Valentino, até mesmo pelo fato de o americano ter alçado a supermodelo Christy Turlington como destaque do desfile, tal qual fez Piccioli com Naomi Campbell. E, também, pela quantidade de vestidinhos florais bufantes e embabadados postos na passarela. Mas Marc é Marc, honey. Empacotou as modelos com pelerines e casacões, tudo oversized e vendeu uma imagem menos comercial. Uma mulher mais elegante à la Mary Poppins.
Confira abaixo os highlights da Semana de Moda de Nova York Fall/Winter 2019/20:

Explosão de cores: a brasuca John John estreou na NYFW com denim para todos os gostos e lavagens em todos os tons numa temporada em que a veterana Calvin Klein não deu o ar de sua graça na passarela (Foto: Divulgação)

O top João Knorr participou da estreia da John John na NYFW19/20 (leia mais aqui) (Foto: Divulgação)

Laís Ribeiro incendiou a passarela de Philipp Plein na NYFW19/20 (leia mais aqui) (Foto: Divulgação)
Deixe seu comentário