O Rio foi capital do Brasil-Colônia, do Império e da República. Sua verve cosmopolita ferve, apesar da turma que insiste em ver a cidade somente como balneário. Por isso mesmo, é a primeira cidade fora da França escolhida para receber o Dîner des Grands Chefs, rega-bofe de prestígio reservado apenas para chefs do mundo inteiro estrelados do Guia Michelin, versão francesa. Traduzindo: nesse badalo de alto luxo, quem senta na mesa são aquelas renomadas criaturas que costumam suar por trás das caçarolas para garantir aos mortais uma refeição dos deuses.

Tipo monarcas da alta gastronomia: imagem oficial do Dîner des Grands Chefs (Foto: Divulgação)

Como “monarcas” da alta gastronomia, os chefs posam para a foto do Sirha: imagem oficial do Dîner des Grands Chefs (Foto: Divulgação)

Marie-Odile Fondeur ­– diretora do Sirha Mundo e Sihra Rio ­–, Olivier Ginon (o presidente da GL Events no mundo e a cabeça por trás da realização do Sirha no Brasil) e Jérôme Bocuse, filho de Paul Bocuse, convidam 120 chefs de destaque no país para um jantar no Copacabana Palace nesta quarta-feira (14/10), durante esta primeira edição brasileira do Sirha, maior feira de gastronomia e hotelaria do mundo, que acontece há 33 anos em Lyon e é o evento de referência da gastronomia mundial. Essa será a pela primeira vez que o agito rola na América do Sul, de 14 a 16 de outubro no Centro de Convenções SulAmérica, com expectativa de 80 expositores e marcas brasileiras e internacionais, e mais de dez mil visitantes.

Rio capital mundial da gastronomia: 116 chefs do Brasil posam ao lado de Jérôme Bocuse na imagem oficial que divulgou o evento (Foto: Divulgação)

Rio capital mundial da gastronomia: 116 chefs do Brasil posam ao lado de Jérôme Bocuse na imagem oficial que divulgou o evento (Foto: Divulgação)

Flávia Quaresma posa entre Marie-Odile Fondeur e Jérôme no brunch que anunciou o Rio como sede do Sirha, em outubro passado (Foto: Divulgação)

Flávia Quaresma revela sua emoção entre Marie-Odile Fondeur e Jérôme no brunch que anunciou o Rio como sede do Sirha, em novembro passado (Foto: Divulgação)

No jantar de gala, dezesseis jovens chefs foram escolhidos para cozinhar para os convidados, sob o comando de Roland Villard (Le Pré Catelan) e coordenação de Pierre-Olivier Petit (Copacabana Palace). Entre os convidados estão grandes nomes como Alex Atala, Claude Troisgros, Emmanuel Bassoleil, Laurent Suaudeau, Paolo Lavezzini, Roberta Sudbrack e Tsuyoshi Murakami.

O tema da Festa de Babette será “A Cozinha Jovem do Brasil” e, claro, as cinco regiões brasileiras estão representadíssimas no menu, com talentos de cada uma delas criando juntos receitas inéditas. O coquetel será preparado por três chefs de Minas Gerais: Rodolfo Mayer (Angatu), Jaime Solares (Borracharia Gastropub) e Rafael Pires (Pacco & Bacco), que viajaram na maionese e servirão itens como mil folhas de abobora e queijo Minas artesanal com melado e emulsão de agrião, canapés de jiló defumado, tomatinho confit e burrata, e crocante de pé de porco, baru e gondó. De lambuzar os dedos.

A entrada será à base de crustáceos, preparada pelos chefs Manu Buffara (Manu), Ivo Lopes (La Varenne) e Celso Freire (Espaço Celso Freire Gastronomia), todos da Região Sul. No menu: vieiras frescas de Santa Catarina seladas em chapa de ferro, servidas sobre gaspacho verde com cachaça e gengibre.

Celso Freire: crustáceos como entrada para apresentar o Rio aos estrangeiros (Foto: Divulgação)

Celso Freire: crustáceos como entrada para apresentar o Rio aos estrangeiros (Foto: Divulgação)

Já o Nordeste é a região escolhida para impressionar os convidados gringos com o prato principal de peixe: o camurim da boca da barra em harmonia com favas verdes do sertão nordestino, ensopado de sururu de capote e farofa de caju, sob a batuta de Jonatas Moreira (Akuaba), Wanderson Medeiros (W Gourmet), Onildo Rocha (Roccia) e Claudemir Barros (Wiella Bistrô).

E, se o Rio é a cidade onde a carne pulula, o pecado gastronômico virá da terra do samba e dos corpos desnudos: os carioquíssimos Thomas Troisgros (Grupo Troisgros), Rafael Costa e Silva (Lasai) e Pedro de Artagão (Grupo Irajá) são os responsáveis pelo outro prato principal: a costela de boi com açaí, farofa de feijão e pimento.

Thomas Troisgros, no seu Olympe: um dos chefs brazucas laureados com a missão de impressionar os estrangeiros no jantar de gala (Foto: Divulgação)

Thomas Troisgros, no seu Olympe: um dos chefs brazucas laureados com a missão de impressionar os estrangeiros no jantar de gala (Foto: Divulgação)

Pedro de Artagão: a cabeça por trás do irajá se prepara para cozinhar representar a Região Sudeste quarta-feira no Copacabana Palace (Foto: Divulgação)

Pedro de Artagão: a cabeça por trás do Irajá se prepara para representar a Região Sudeste nesta quarta-feira no Copacabana Palace (Foto: Divulgação)

Por fim, a sobremesa será made in Sampa, preparada por Flavio Federico (Flavio Federico Dolci), Ramiro Bertassin (Hotel JW Marriott) e Renata Arassiro (Renata Arassiro Chocolates). Como pré-sobremesa vai rolar uma pitanga selvagem com espírito de cachaça para sacudir a turma. Em seguida, pudim de laranja e caramelo, e mousse de chocolate ao perfume de umburana sobre solo de café e gel de Butiá.

A versão brazuca do Dîner des Grands Chefs portanto promete. Esse badalo digno de Vatel é realizado a cada dois anos em Lyon como celebração-ápice do Sirha. Durante a noite, chefs de várias procedências sempre cozinham para outros tão renomados quanto. Vale lembrar que, na última edição em janeiro de 2015, o menu da noite foi comandado por ninguém menos do que Daniel Boulud, sob o tema “As Américas”. Canadá, México, Peru e Estados Unidos levaram ao evento chefs mais estrelados no Michelin que patente de general de brigada, que representaram a gastronomia do continente. E Paul Bocuse recebeu a devida homenagem por sua obra imortalizada na gastronomia do século 20.

Mestres das panelas como Alain Ducasse, Georges Blanc, Thomas Keller, Éric Briffard, Yannick Alléno, Serge Vierat, Pierre e Michel Troisgros, entre outros nomes, estiveram presentes no jantar em janeiro, além de Gerard Collomb, prefeito de Lyon.

Pompa e circunstância com temperinhos: o Dîner de Grands Chefs que movimentou Lyon em janeiro (Foto: Divulgação)

Pompa e circunstância com temperinhos: o Dîner de Grands Chefs que movimentou Lyon em janeiro (Foto: Divulgação)

Em tempo: No Brasil, o Sirha Rio deve bombar. Claude Troisgros foi o nome escolhido como Presidente do Sirha Rio, enquanto Laurent Suaudeau está à frente do concurso Bocuse D’Or e Philippe Brye preside a Coupe du Monde de la Patisserie, concurso onde o céu é o limite em termos de criação. Já Frédéric Loeb, especialista tendências gastronômicas, apresenta o Sirha World Cuisine Summit, painel com as principais previsões para o setor. De fazer salivar, não?

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